Era dos anos setenta.
Cheguei a Caçador quase menino ainda. Forasteiro, desconhecido, nas primeiras andanças pela cidade conheci Ernesto Faoro numa das chegadas à Casa Ferro, onde fora adquirir pregos a pedido de papai.
Na entrada, fui recebido pelo proprietário que sorriu e perguntou o que eu desejava. Saí da loja pensando na cordialidade e bom atendimento eu, que quase ingênuo até pela idade, me acostumara a ouvir de papai – comerciante – que o bom atendimento é o primeiro passo, é o essencial para cativar o cliente.
Anos se passaram. Aos poucos fiquei sabendo sobre a vida de Ernesto Faoro – o pioneirismo da família, suas atividades, vivência, convivência. Logo percebi que era das pessoas mais prestigiadas da cidade. Humilde, simples, boa conversa, sempre cativava pelo diálogo, pela serenidade e principalmente a preocupação com a comunidade.
Ao longo dos anos, firmei boa amizade com o empreendedor formiguinha, ele sempre envolvido com as necessidades, as atividades visando o bem-estar dos cidadãos, seja particularmente, seja através dos clubes de serviço que ajudou a criar.
Um idealista plural, Ernesto Faoro seguiu os passos de Atílio, seu pai. Além de empreendedor da vida diária, incentivou a educação e a cultura – como o pai fizera quando veio para Caçador em busca de estudo para os filhos. Também seus filhos e netos estudaram e hoje são destaque nos seus campos de trabalho. Foi um dos articuladores da fundação da FEARPE, a primeira universidade do oeste catarinense.
E tanto se envolveu na cultura que escreveu um livro das suas memórias – Ernesto Faoro, 100 anos de juventude. Trata-se da síntese de uma vida profícua, prodigiosa, portentosa, sendo hoje um imortal, pois é também membro fundador da Academia Caçadorense de Letras e Artes, e certamente o acadêmico mais idoso que temos no Brasil.
Se formos vasculhar nos anais da história deste Faoro laborioso, encontraremos dezenas de atividades associativas e na vida pública em que esteve presente. É por isso que estamos alegres neste 15 de abril a festejar mais um aniversário de Ernesto Faoro. São 10 anos de uma vida realmente plena – recheada de ideias, ideais, anseios, desejos, conquistas, vitórias.
Os homens verdadeiramente grandes não são aqueles que conquistam todos os troféus, todas as medalhas e outros ouropéis. Os homens verdadeiramente grandes são aqueles que conquistam seus semelhantes pelo trabalho, pela honradez, pela simplicidade. Ernesto Faoro é um desses.
E seria num sábado de Páscoa – 15 de abril de 2017 – que estaríamos aqui a comemorar e a dar nosso grito de Aleluia pelos seus 104 anos de vida.
Parabéns, Ernesto Faoro. Saúde e paz!
Silmar Bohrer – Homenagem da Academia Caçadorense de Letras.
