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Veterinários de canil municipal são afastados por maus-tratos e omissão em SC

Dois veterinários do canil da Unidade de Acolhimento Provisório de Animais (Uapa) de Itajaí (SC) foram afastados por maus-tratos e omissão, após a Justiça aceitar denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) de que os profissionais maltrataram ao menos 11 cães. Dois dos animais acabaram morrendo.

 O motivo seria a falta de cuidados básicos, sobretudo dos cães que chegavam à Uapa debilitados e daqueles que, embora sadios, eram mantidos em ambientes insalubres e sem cuidados básicos.

 Os profissionais são acusados de não prestar o devido atendimento médico aos cachorros que eram recebidos em situação de vulnerabilidade, muitas vezes feridos e fracos.

Segundo a denúncia, os cães eram mantidos pelos veterinários sem o tratamento de feridas expostas e a adequada alimentação. Eles também ficavam em meio às fezes no canil.

 Além disso, os veterinários acusados não realizavam a triagem, mantinham animais doentes e saudáveis no mesmo ambiente e em locais sem higiene, promovendo a proliferação de doenças. Eles também não adotavam medidas de manejo comportamental, além de armazenar a ração dos cães em condições inadequadas, em meio a ninhos de baratas.

 Mortes

 Uma fêmea de pequeno porte, aparentemente prenha e com corte de cirurgia aberto, e um cão de porte grande e já debilitado morreram na unidade sob suspeita de maus-tratos e omissão no atendimento.

 O MPSC acredita que os animais não foram os únicos óbitos decorrentes das condutas adotadas pelos investigados. “A instrução processual poderá trazer novos esclarecimentos”, diz o MPSC, em nota.

 Anos de maus-tratos

 A denúncia da 10ª Promotoria de Justiça de Itajaí aponta ainda que, desde 2020 até pelo menos março de 2022, os veterinários teriam se omitido nos cuidados aos animais. Como médicos-veterinários contratados pelo Município de Itajaí, eles eram os responsáveis técnicos pelo atendimento da Uapa.

 Uma visita técnica ao local foi feita pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária nos dias 14 e 16 de dezembro de 2021, com a constatação de que não havia triagem de animais sadios e com possíveis doenças. Todos os cães ficavam em uma mesma baia.

 “Não eram feitos exames dos animais que chegavam. Faltava implantação de trabalho de bem-estar animal e foi levantado, ainda, que a maioria dos animais não era vacinada nem microchipada, além de detectados sinais de agressividade nos cães”, completa o MPSC.

 Em março de 2022, em uma nova vistoria, foi constatado que o local onde era armazenada a alimentação dos animais tinha ninhos de baratas.

 Os cães que chegavam à unidade com ferimentos eram mantidos com dor e machucados e alguns tinham o comportamento alterado pelo estresse. Como consequência, a imunidade deles baixava, gerando doenças e brigas.

 O Ministério Público denunciou os veterinários pelo crime de maus-tratos. O caso também está sendo apurado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina.

 Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o município de Itajaí também está sendo executado pelo MPSC, já que, segundo o órgão, não foi cumprido pela prefeitura.

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