O médico sanitarista Gonzalo Vecina fez coro, em entrevista ao UOL News hoje, à tese de que o fim da pandemia de covid-19 no Brasil está próximo. Segundo o fundador da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a mudança para endemia pode acontecer em março.
“Vamos poder tirar a máscara, ter uma vida um pouco parecida com a que já tivemos”, diz o médico.
Vecina ressalta que, para o caráter pandêmico da covid-19 mudar, é imprescindível que novas variantes não surjam.
Uma pandemia acaba quando os suscetíveis acabam. Quando a maioria das pessoas tiver a doença, não tem mais quem ter a doença. Provavelmente no início de março, se não tivermos nova variante”, comentou.
Uma doença endêmica é aquela que se manifesta com frequência em determinadas regiões, geralmente provocada por circunstâncias ou causas locais. Ou seja, a população convive constantemente com a doença.
Dados de ontem consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte mostram que, após 34 dias, a média móvel de casos conhecidos de covid-19 ficou abaixo de 100 mil. Já a média móvel de mortes está acima de 800 pelo 15º dia consecutivo, marcando 816.
Crítica a Queiroga
Vecina também questionou a fala do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre a validade das vacinas após a mudança na situação sanitária.
Durante evento de lançamento da vacina da AstraZeneca de produção totalmente nacional pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Queiroga afirmou que o governo avalia o cenário epidemiológico e o impacto da mudança de status da doença no Brasil para endêmica. Ele questionou o uso das vacinas e medicamentos que têm apenas autorização emergencial.
“Determinados contratos foram feitos na vigência da pandemia. As vacinas que têm registro emergencial, será que podem continuar sendo usadas fora do caráter pandêmico? Toda essa análise tem de ser feita para conseguirmos levar uma palavra segura à sociedade”, disse Queiroga ontem.
“Acho muito preocupante a fala desse ministro da Saúde. O que ele está tramando? Não consigo enxergar o porquê de fazer essa discussão agora sobre vacina ser aprovada desse jeito ou daquele jeito”, opinou Vecina.
Com informações UOL