O mês de setembro é o período voltado para a prevenção do suicídio, uma doença pandemica que faz vítimas todos os dias. Por isso, essa prevenção ocorre todos os meses. O suicídio atinge famílias de todas as classes e os motivos são muito variados. O comportamento suicida não significa necessariamente tirar a própria vida, mas busca acabar com a dor que sente há muito tempo e não conseguiu encontrar ajuda.
A psicóloga Edilaine Casaletti explica que a maioria das pessoas que cometem suicídio deu algum tipo de sinal em algum momento. Entretanto, as pessoas em volta não conseguiram interpretar e o pior acaba acontecendo.
Dados da Organização Mundial de Saúde estima que por ano são registrados 800 mil suicídios em todo mundo, ou seja, a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida. A psicóloga explica que o número pode ser ainda maior, pois tem as sub-notificações, não se notifica tudo que acontece.
Já no Brasil, 32 pessoas se suicidam por dia. Um número muito expressivo. Porém, estudos mostram que 90% dos casos podem ser evitados das mais diferentes formas, por ser uma doença. Além disso, 90% das pessoas que cometem ou tentam suicídio, tem algum transtorno mental, seja ele leve, moderado ou grave.
Apenas 10% não tenham um transtorno propriamente dito, mas um sofrimento muito grande. Segundo Edilaine, o índice de suicídio é maior entre jovens de 15 a 26 anos e grande parte é entre homens.
Segundo Edilaine, a diferença entre o caso entre homens e mulheres é que os homens usam meios mais efetivos para o suicídio.
“O fato de o número de suicídio ser maior entre homens pode ser relacionado a forma de criação. Antigamente, os homens eram criados para serem uma fortaleza e não podiam demonstrar fraqueza. Tudo isso acaba sobrecarregando e o homem não quer demonstrar fragilidade, não buscando ajuda e vai acumulando frustrações, problemas até que a bomba uma hora explode”, disse.
A psicóloga explica ainda que neste momento fala-se muito em feminismo, a mulher emponderada e os homens estão ficando de lado. “Os homens também precisam de atenção e a ausência disso reflete em números altos de suicídio”, comentou.
Edilaine comenta ainda que buscar ajuda não é demonstrar fraqueza, pelo contrário, é ser forte e ter coragem de buscar ajuda, uma vez que a pessoa sozinha não consegue encontrar uma saída, e sempre tem uma saída.
Como ajudar
A psicóloga explica que a melhor maneira de ajudar uma pessoa com depressão, propensa a cometer suicídio, é ouvir. Mas ouvir sem julgar. “Ninguém pode se por no lugar de quem está com problema. Por mais que tentamos, não vamos conseguir. Por isso, nestes casos devemos abrir os ouvidos e fechar a boca para julgamentos, sem dar opinião”, disse.
“Uma das frases coringas que podem fazer toda a diferença é EM QUE POSSO TE AJUDAR. Com esta frase você está demonstrando empatia, cuidado e atenção. Sabemos que é difícil para falar de suicídio, mas também muito difícil ouvir. Mas sempre tem uma maneira de ajudar”, frisou.
Como devo procurar ajuda
Segundo a psicóloga, quando a pessoa não está se sentindo bem, ela deve procurar um amigo, algum familiar, pastor, padre, alguém de confiança para desabafar. Esta pessoa pode te ajudar sair deste problema. Evitar alguém que dê julgamento, opinião, pois isso não é o ideal.
Caso não tenha alguém de confiança, tem o Centro de Valorização a Vida 188, ligação gratuita e 24h por dia, com voluntários que irão te ouvir e te orientar a quem procurar.
A pessoa com depressão pode e deve procurar também um psicólogo que juntos vão encontrar a melhor saída e controle para os problemas.
Sinais de depressão
Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, referindo “sentimento de falta de sentimento”. Julgam-se um peso para os familiares e amigos, invocam a morte como forma de alívio para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do mundo e do futuro Percebem as dificuldades como intransponíveis, tendo o desejo de por fim a um estado penoso. Os pensamentos suicidas variam desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses pensamentos devem ser sistematicamente investigados;
Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
Insônia ou sonolência. A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;
Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carbohidratos e doces;
Redução do interesse sexual;
Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.
Os sintomas não significam um transtorno, mas o conjunto de sintomas que acontecem frequentemente e acabam atrapalhando a vida cotidiana.