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SC quer locar mais 100 carros para a Secretaria de Administração Prisional

O governo de Santa Catarina lançou uma nova licitação para alugar 100 novos carros que serão destinados ao transporte de passageiros e cargas leves da SAP (Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa).

O processo de licitação, na modalidade pregão eletrônico, foi aberto nesta segunda-feira (19) e vai até o dia 27 deste mês, prazo final para entrega das propostas dos concorrentes habilitados.

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O novo pregão eletrônico tem relação direta com a reportagem do ND+ publicada nesta segunda sobre os dois utilitários esportivos (SUVs) blindados que o Executivo quer alugar para atender o governador e a vice-governadora, além de mais 18 veículos.

Isso porque o novo edital da SAP não trata de veículos blindados, apenas especifica que devem ser modelo hatch, zero quilômetro e ano de fabricação 2021 ou superior.

A reportagem tentou apurar o valor para a locação dos 100 novos carros na licitação aberta agora pela SAP, mas o processo administrativo vinculado não está disponível no sistema desde a noite deste domingo (18). O processo que trata da locação dos blindados pela Casa Civil também não se encontra acessível.

Motivos de segurança
Em 6 junho de 2019, outra locação já havido sido executada pela SAP, mas ainda pela extinta SJC (Secretaria de Justiça e Cidadania). Neste caso, foram alugadas 24 utilitários esportivos (SUVs) para atender os diretores das futuras novas unidades prisionais.

Os gestores alegaram motivos de segurança e acessos precários em algumas unidades prisionais. O gasto mensal estimado, na época, foi de R$ 69 mil e um total de R$ 1,6 milhão em 24 meses. A contratação foi autorizada pela Secretaria de Estado da Fazenda em 31 de janeiro de 2019.

Os pagamentos para a empresa vencedora, a Disk Car Comércio e Locação de Veículos S.A, em 2020, foram de R$ 1.564.712,15 milhão por meio do Fundo Penitenciário do Estado de Santa Catarina, segundo os dados do Portal da Transparência.

No ano passado esta mesma empresa recebeu a soma de R$ 3.988.271,68 milhões de órgãos públicos, incluindo a Casa Civil com R$ 1.449.472,36 milhão e R$ 885.191,09 em um contrato com a Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina).

Como mostrou o ND+, primeira SUVs alugadas pela SAP como a centena de veículos da licitação em andamento não são blindados como os dois SUVs que devem ser destinado às duas principais autoridades do Executivo estadual.

O governo não respondeu à pergunta da reportagem sobre o porquê de os veículos blindados serem destinados ao governador e a vice-governadora, enquanto agentes prisionais, por exemplo, não usufruem desse tipo de proteção.

Mas também existem processos de locação fechados em junho deste ano pela SAP de três veículos blindados – e essa informação não foi repassada à reportagem na nota oficial enviada pelo governo estadual apesar do questionamento. São da classe de blindagem nível III-A, zero quilômetro, modelo SUV, ano de fabricação 2021.

No pedido das SUVs feito pela SAP em 2019, a questão da segurança foi mencionada. A pasta também informou que o diretor de administração prisional e as demais autoridades da SAP receberam “reiteradas ameaças” de morte.

Mesmo assim, os 24 primeiros carros deste processo de locação não são blindados como os que podem ser locados para atender Carlos Moisés e sua vice, Daniela Reinehr, e suas famílias em deslocamentos pelo Estado.

Os três blindados só foram locados em novo processo finalizado em junho deste ano por R$ 25.713,00 mil, sendo que o valor unitário da locação foi de R$ 8.571,00 para um preço de referência de R$ 13.633,33 .

A disputa contou com lances de cinco empresas, sendo que duas foram desclassificadas, e venceu a proposta da Unidas Veículos Especiais S/A, segundo os dados do portal de compras.

O portal da transparência ainda não registra o contrato com essa fornecedora e também não traz pagamentos, o que sugere que os carros ainda não foram entregues. Questionada, a SAP disse que, por questão de segurança, não pode informar sobre as viaturas blindadas.

Contratos, compras e locação na mira do MPSC e TCE-SC
Pelo menos dois casos de irregularidades em licitações e em contratos de locação e também de compra de veículos novos dentro do programa “SC Mais Segura” pelo governo estadual, além da SC Par do Porto de Imbituba estão sendo investigados pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) e o TCE-SC (Tribunal de Contas de Santa Catarina).

Um dos casos trata do processo de compra de 100 veículos do tipo SUV, modelo de viaturas caracterizadas com logotipos do órgão estadual vinculado à SSP (Secretaria de Segurança Pública). O gasto estimado era de R$ 10.147.863,00 milhões. Depois, passou para 88 carros desse mesmo modelo, por R$ 9,6 milhões.

O processo acabou suspenso no final de junho deste ano pelo TCE-SC. O pregão eletrônico (n.31/2021/IGP) estava previsto para acontecer em 26 de maio, mas foi anulado pelo IGP após a auditoria realizada pelo TCE-SC.

A DLC (Diretoria de Licitações e Contratações) da corte de contas recomendou à SSP a avaliação da substituição de aquisições por veículos

alugados por apresentarem, em tese, maior economia aos cofres públicos.
“Entretanto, o edital em análise não fez referência a estudo técnico preliminar a fim de demonstrar a vantagem da aquisição dos veículos frente a outras opções.

Em 19/05/2021, o Sr. Jefferson José de Souza, Diretor de Administração e Finanças do IGP, decidiu anular o edital da licitação”, narra o acordão do TCE-SC publicado no diário oficial do dia 8 de junho.

O IGP alega que fez a opção pela aquisição de 88 veículos ao invés da locação sugerida pelo TCE-SC e que tem estudos sobre este tipo de compra. Indica que o aluguel seria a melhor forma de suprir as necessidades sob o argumento de que o IGP teria sido contemplado com aporte orçamentário decorrente do programa de governo “SC Mais Segura”.

Contudo, na avaliação do TCE-SC, o fato de ter recebido novas aportes do Executivo não justifica o modelo de contrato. “Sem avaliar os potenciais custos e benefícios de outros modelos de gestão veicular, como o regime misto sugerido no estudo da DAE, eventualmente mais eficientes e econômicos para a Administração Pública”, diz o despacho.

O caso ainda está sendo analisado pela corte de contas e nova auditoria foi iniciada pela DLC (Diretoria de Contratos e Licitações) do TCE-SC na última quinta-feira (15).

Após a insistência do governo de realizar o pregão, a corte de contas encontrou outras três irregularidades no novo edital de licitação, além da falta de análise sobre a locação dos veículos.

Os problemas foram os motivos que determinarão a anulação do certame:

Com informações ND Mais

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