O atleta Caio Bonfim entrou para história como 1º medalhista olímpico brasileiro em marcha atlética, nesta quinta-feira (1º), em Paris. Contudo, a caminhada até o pódio foi longa e com vários desafios, desde meningite aos sete meses a preconceito contra a modalidade.
Quem é Caio Bonfim
Caio completou os 20 quilômetros da marcha atlética em 1h19min09s, quatorze segundos atrás de Brian Daniel Pintado, do Equador, que conquistou a medalha de ouro. Álvaro Martin, da Espanha, foi o medalhista de bronze, dois segundos atrás do brasileiro.
Ele é natural de Sobradinho, no Distrito Federal, filho de Gianette Bonfim. Agora treinadora do filho, ela já foi atleta e oito vezes campeã da marcha atlética. Chegou a ter índice para participar dos Jogos Olímpicos de 1996, mas não competiu.
Paris foi a quarta Olimpíada de Caio. Em 2012, ele passou mal e precisou deixar a competição em uma cadeira de rodas. Em 2016, no Rio de Janeiro, chegou perto do pódio, mas terminou em quarto lugar. Já em Tóquio, foi o 13º.
“Estamos na nossa quarta Olimpíada e hoje eu posso falar para ela (Gianette): ‘Nós somos medalhistas olímpicos’. Obrigado ao Brasil e a todos que apoiaram. Nessa prova aí nós não estamos brincando de rebolar. Nós somos uma potência. Nós somos medalhistas olímpicos”, disse em entrevista à CazéTV.
Meningite na infância
A primeira vitória de Caio foi ainda bebê. Aos 7 meses, foi diagnosticado com meningite e, depois, duas pneumonias. Além disso, nasceu intolerante à lactose, o que colaborou para seus ossos se fragilizarem, pois não conseguia ingerir a quantidade suficiente de cálcio, presente no leite.
Todos os diagnósticos prejudicaram o crescimento de suas pernas, que ficaram tortas. Anos e uma cirurgia depois, Caio contrariou a opinião dos médicos que avaliaram que ele teria dificuldades para andar.
Caio afirmou que quando decidiu se tornar atleta e começou a treinar nas ruas de Brasília, era vítima de várias ofensas verbais de quem passava por ele.
Para apoiar o filho e a modalidade, que é pouco conhecida no Brasil, a mãe e o pai de Caio, João Sena, fundaram Centro de Atletismo de Sobradinho, que treina atletas do Distrito Federal.
“Eu brinco que o Brasil tem dois esportes: o futebol e o que está ganhando. Se você quer aparecer, tem que estar nesse que está ganhando, e tomara que essa medalha possa abrir portas e dar mais investimento. Que essa medalha dê oportunidade para aqueles que querem fazer marcha atlética e viver dela”, completou.
Terceiro sargento da aeronáutica, o brasileiro faz parte do PAAR (Programa Atletas de Alto Rendimento), das Forças Armadas do Brasil, além de receber bolsa atleta.
Com informações ND Mais