O total de pacientes em lista de espera em Santa Catarina chegou a 468 em setembro de 2018. O número é ligeiramente menor que a fila de 1.688 pessoas que aguardavam por um transplante em 2010 e está abaixo do registrado no ano passado, de 555 pacientes. Em dados consolidados, significa que nos últimos oito anos houve queda de quase 70% na lista de espera por um órgão entre o fim da década passada e 2017.
De acordo com a SC Transplantes, existe a possibilidade de zerar as filas nos casos que envolvem transplantes de tecidos. Em contrapartida nas situações em que o transplante envolve os órgãos do corpo não é pensado no índice zero. Isso porque mesmo que a cada dia sejam realizados novos transplantes, ao mesmo tempo novos pacientes com necessidade de transplante surgem.
— Em nenhum lugar do mundo existe fila zero de órgãos. O que existe são filas equilibradas ou uma leve decrescente como é a nossa. As nossas filas deveriam ser um pouco maiores do que são e, talvez, esse decréscimo venha por dois caminhos: nossa competência em gerar as doações e conseguir fazer os transplantes — explica Joel de Andrade, da SC Transplantes.
Uma das falhas ainda existentes está em não dar acesso para que mais catarinenses que precisam do transplante entrem na lista de espera. Para melhorar esse processo, a aposta do governo estadual está na implantação de um programa de expansão dos centros de transplantes em Santa Catarina.
Hoje a maior fila de espera por um órgão em Santa Catarina é do rim (314), seguido de córnea (78) e medula óssea (60). A redução da principal lista de espera no Estado também conta com ajuda vinda de Joinville por meio da Fundação Pró-Rim, instituição filantrópica líder em transplantes renais em Santa Catarina. Com mais 30 anos de existência a instituição já contabiliza mais de 1.600 transplantes realizados.
Epidemia silenciosa
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal é uma epidemia silenciosa que mata tanto quanto o trânsito e os homicídios. São 10 milhões de brasileiros que sofrem com alguma disfunção renal. Do total, 120 mil fazem hemodiálise, tratamento que realiza a limpeza do sangue quando os rins não funcionam corretamente.
Segundo o nefrologista Marcos Alexandre Vieira, presidente da Pró-Rim, os pacientes necessitam fazer hemodiálise ou, posteriormente, o transplante, quando os rins param de filtrar o sangue e têm funcionamento abaixo de 10% de sua capacidade. Entre os fatores de risco principais da doença renal crônica estão a pressão alta e o diabetes. Já os sintomas tardios da doença, dentro outros, são o cansaço, inchaço dos membros inferiores, pressão não controlada adequadamente e hálito urêmico.
— Quando diagnosticado, todo paciente com a doença é apresentado aos métodos que ele pode realizar para substituir a função dos rins. A maioria dos que ingressam não têm condições de realizar o transplante imediatamente, devido a exames de compatibilidade, avaliação multidisciplinar, lista de espera e disponibilidade de um órgão. Nesse período de espera, normalmente, o paciente é submetido a hemodiálise — afirma.
Conforme o médico, a instituição realiza de 80 a 120 transplantes por ano em parceria com o Hospital São José de Joinville e o tempo de espera pelo procedimento varia, mas leva, em média, de seis meses a dois anos. A taxa de sucesso dos transplantes no Estado ‘é semelhante aos melhores serviços do Brasil e do mundo’.
— A taxa de sobrevida é de mais de 97% para os pacientes em que o doador está vivo e superior a 90% nos pacientes em que órgão era de um doador falecido — salienta.
Total de Pacientes em lista de Espera em SC:
Fonte: SC Transplantes
2018*: 468
2017: 555
2016: 505
2015: 611
2014: 833
2013: 1.149
2012: 1.339
2011: 1.191
2010: 1.688
* dados até setembro;
Lista de espera por órgão até setembro de 2018 em SC:
Rim: 314
Medula óssea: 60
Córnea: 78
Fígado: 15
Rim/Pâncreas: 1
Coração: 0