O termo paradigma entrou em evidência depois que foi amplamente utilizado por Thomas Kuhn, em 1962, no seu livro A estrutura das revoluções científicas. Kuhn (2005) conceitua o paradigma como um modelo ou um conjunto de condições que delimitam uma comunidade científica (valores, instrumentos e métodos de pesquisa). O paradigma também pode ser entendido como um conjunto de convenções compartilhadas por uma comunidade científica.
Enquanto que prevalece um determinado paradigma no âmbito da pesquisa científica, delimitando-se uma certa comunidade científica, a pesquisa flui de maneira tranqüila. Se o paradigma satisfaz a todas as necessidades da comunidade científica, não há como substituí-lo, uma vez que a ciência normal impõe certas formas de ver as coisas.Entretanto, a partir do momento em que emerge uma anomalia em um paradigma, os cientistas passam a procurar solucionar essa anomalia, tentando readaptar o paradigma (KUHN, 2005).
As anomalias paradigmáticas não necessariamente implicam em uma crise do paradigma, pois os cientistas podem buscar soluções para as mesmas. Mas, quando as anomalias se evidenciarem muito profundas, então o paradigma deixa de ser confiável. Assim, pode ocorrer uma revolução científica, rompendo com a etapa da ciência normal.
A ciência normal é entendida como a pesquisa firmemente pautada em uma ou mais realizações científicas passadas, ou seja, um paradigma. Essas realizações são reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática posterior (KUHN, 2005).
Ainda em relação a ciência normal, Kuhn (2005, p. 44/45) esclarece:
A ciência normal não tem como objetivo trazer à tona novas espécies de fenômeno; na verdade, aqueles que não se ajustam aos limites do paradigma freqüentemente nem são vistos. Os cientistas também não estão constantemente procurando inventar novas teorias; freqüentemente mostram-se intolerantes com aquelas inventadas por outros. Em vez disso, a pesquisa científica normal está dirigida para a articulação daqueles fenômenos e teorias já fornecidos pelo paradigma.
Kuhn (2005, p. 24), as revoluções científicas compreendem “os episódios extraordinários nos quais ocorre uma alteração de compromissos profissionais”. Assim, as revoluções representam complementos desintegrados da tradição à qual a atividade da ciência normal está ligada.
No magistério de Kuhn (2005), nunca se abandona totalmente um paradigma a não ser que haja outro confiável para substituí-lo possibilitando a continuidade da ciência. Assim, decidir rejeitar um paradigma é sempre decidir aceitar outro. Os momentos de crise de um paradigma, que geralmente iniciam em virtude do obscurecimento do mesmo, e, por conseguinte, o rompimento desse paradigma, representa momentos de inovações e de maior criatividade por parte da comunidade científica.
Com essa concepção de paradigma, Kuhn (2005) propõe uma leitura diferente da ciência, baseando-se no contexto da comunidade científica. Procura compreender a ciência a partir de um ponto de vista histórico. Em suma, o progresso científico não é um simples acúmulo de conhecimento, mas sim uma sucessão de diversos paradigmas.