No primeiro ano de pandemia em Santa Catarina, 2.863 mortes poderiam ter sido evitadas. A análise é de um estudo apresentado na CPI da Covid-19 na última quinta-feira (24), por Jurema Werneck, médica e diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil. No país, mais de 12o mil vidas teriam sido poupadas se medidas mais rígidas fossem implementadas.
A pesquisa assinala que, sem considerar o impacto da vacinação, milhares de vidas teriam sido salvas os governos tivessem adotado, de maneira mais contundente, medidas preventivas contra a Covid-19, como restrição a aglomerações, distanciamento social e fechamento de escolas e do comércio.
“A gente poderia ainda no primeiro ano de história da pandemia ter salvo 120 mil vidas. Esses não são números. São pais, são mães, são irmãos, são sobrinhos, são tios, são vizinhos”, defendeu Werneck à Comissão. “A gente poderia ter salvo pessoas se uma política efetiva de controle, baseada em ações não farmacológicas, tivesse sido implementada.”
Os pesquisadores calcularam o excesso de mortes por causas naturais no primeiro ano da pandemia, de março de 2020 a março de 2021, a partir da primeira morte registrada pela doença no Brasil. Assim, constataram 305 mil óbitos acima do esperado com base na média de registros entre 2015 e 2019.
As estimativas consideram também as mortes indiretas à Covid-19, provocadas, por exemplo, pelo atraso no diagnóstico devido ao colapso do sistema de saúde.
Durante depoimento à CPI, a médica ressaltou que “mesmo na ausência de vacina, existe um conjunto de medidas que reduz a probabilidade de contaminação. Nós somos um exemplo. Estamos de máscara, a comissão está sendo testada periodicamente”.
Mortes evitáveis em SC
O estudo encomendado pelo grupo Alerta, que reúne sete entidades da sociedade civil – entre elas a Anistia Internacional Brasil e a SBPC (Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência) – constatou que, no país, poderiam ter sido registrados 40% menos mortes até março de 2021.
A estimativa foi realizada com base em relatórios científicos publicados nas revistas Science e Nature, que calcularam o impacto de ações restritivas na redução da transmissão do vírus e na mortalidade em diversos países.
Em Santa Catarina, o estudo mostrou que 7.158 mortes ocorrem “em excesso” no primeiro ano de pandemia, em relação à média dos anos anteriores. Com a redução de 40%, chega-se ao número de 2.863 mortes de catarinenses evitáveis no último ano. Em 2020, 5.253 pessoas morreram por Covid-19 no Estado. Nesta quinta-feira (1º), esse índice chega a 16.861.
Com informações ND Mais