Às 17 horas e 51 minutos desta quinta-feira (20), inicia o inverno em SC, com dias mais curtos e noites mais longas. O fenômeno climático El Niño, que trouxe transtornos ao Sul do Brasil em 2023, está finalmente perdendo força. No entanto, um novo protagonista está emergindo: o fenômeno La Niña.
O fenômeno La Niña, com efeitos opostos ao El Niño, está prestes a se formar durante o outono e deve influenciar o segundo semestre deste ano. Especialistas em meteorologia já discutem a possibilidade de um inverno mais rigoroso em Santa Catarina.
No inverno passado, o El Niño inibiu a entrada de massas de ar polar intensas, resultando em uma estação relativamente amena. Agora, com o fenômeno La Niña em cena, espera-se que o frio seja mais intenso em comparação a 2023.
Inverno em SC será seco e longo em 2024
De acordo com o meteorologista Piter Scheuer, o inverno em SC este ano será mais rigoroso que o do ano anterior, devido ao La Niña. O fenômeno atuará na região Sul do país no segundo semestre e trará instabilidade ao estado catarinense.
“Provavelmente, vamos ter o mês de julho e agosto, um pouco mais seco, com um princípio de início de estiagem. A chuva será mal distribuída, bem mais irregular e os dias serão mais ensolarados”, diz Scheuer.
Para o engenheiro agrônomo Ronaldo Coutinho, há três tipos de inverno e ele alerta para as diferenças entre eles. Ele explica que na região Serrana, o frio começa no início de maio e vai até o final de setembro.
“Nós temos o inverno astronômico, que é o que começa no dia 21, data astronômica do solstício de inverno, que é o dia mais curto do ano. Temos o inverno meteorológico, que a Organização Mundial divide o ano em três meses. Então, ele começa no dia 1º de junho e termina no dia 31 de agosto. E o inverno real, que varia de região para região”, explica Coutinho.
De acordo com Coutinho, o inverno em SC este ano será mais frio e mais longo do que em 2023. Com a chegada do La Niña, o frio vai começar a se firmar de vez em SC no final de junho ou início de julho.
“O frio vai esticar. Ele deve entrar na primavera, deixando o final do inverno e a primavera com temperaturas mais baixas que o normal. Isso é ruim para a agricultura”, alerta Coutinho.
O professor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Mario Quadro, explica que o El Niño foi o responsável pelas fortes chuvas no RS. Em contrapartida, o La Niña será responsável pela estiagem na região Sul do país.
“Quando temos o El Niño, que é o que estávamos passando até agora (chuvas),temos a questão de bloqueio atmosférico. Já o La Niña é o contrário, pois está associada com menos chuvas”, explica Quadro.
Mario Quadro relembra que o fenômeno El Niño está no final de seu ciclo no país e vai dando espaço para o La Niña. Segundo ele, é natural que no período de transição entres os fenômenos climáticos não se tenha efeitos significativos de nenhum deles.
“Possivelmente, vamos ter ainda uns dois meses de período de transição. E somente do final do inverno para i início da primavera é que vamos começar a ter o efeito do fenômeno La Niña”, alerta o professor.
E a neve em Santa Catarina?
Piter Scheuer alerta que neste inverno a região Sul do país ainda terá temperaturas acima da média. Segundo ele, o inverno em SC terá dias ensolarados, o que deixará temperaturas altas durante a estação.
“A maior parte das massas de ar frio que avançam nesses próximos três meses vão provocar geada isolada. E com essa condição, alguma precipitação invernal na Serra Gaúcha e na Serra Catarinense, pode ser que ocorra pelo menos um ou dois episódios de neve”, diz Scheuer.
De acordo com Ronaldo Coutinho, em média, SC tem de dois a cinco dias de neve por ano. Com a presença do La Niña, a neve tem previsão de mais dias de duração, porém, com intensidade mais fraca.
“Nós só tivemos um caso de neve até agora esse ano, muito rápida, coisa de um minuto, em maio, em São Joaquim. Então neve mesmo, somente entre julho e agosto, e talvez, na primeira quinzena de setembro”, explica Coutinho.
Segundo o professor do IFSC, Mario Quadro, é de se esperar que caia neve em SC durante o inverno. “Depende da predominância dos fenômenos El Niño ou La Niña, se vai maior ou menor”, diz.
“Em caso de neutralidade, agora com essa previsão de temperatura um pouco acima da média, a tendência é que a gente não tenha eventos significativos de ar frio. Mas um ou outro pode ocorrer e junto com esse evento pode haver a ocorrência de neve”, conclui Quadro.
Inverno 2024 x inverno 2023
Em relação ao ano passado, este ano o inverno terá um frio bem mais presente em SC. Segundo Ronaldo Coutinho, em maio deste ano, houveram duas semanas mais quentes e três com frio mais constante, entre maio e junho, o que não ocorreu no ano passado.
“A primeira quinzena de junho foi quente, já a segunda quinzena começa com aumento da chuva e deve ficar mais fria na semana que vem”, alerta o engenheiro agrônomo. Para ele, provavelmente em julho e agosto o frio deverá se apresentar de maneira mais incisiva que no ano passado.
Com informações ND Mais