Um dos homens preso em flagrante por armazenamento de conteúdo pornográfico em Florianópolis na última terça-feira (18) admitiu, em depoimento à polícia, que assistia e baixava esse tipo de conteúdo e que “não via como um problema”.
A informação foi divulgada à reportagem do ND+ nesta quinta-feira (20) pelo delegado Gustavo Kremer, da 6ª DPCami (Delegacia de Polícia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso) de Florianópolis, responsável pelo caso.
A Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão na Capital, que acabou resultando na prisão em flagrante desses dois homens na última terça.
Segundo Kremer, um dos envolvidos, inclusive, ocupa um “excelente cargo na administração pública”. A investigação para chegar até os alvos durou cerca de cinco meses.
Um terceiro envolvido não estava em casa no dia da abordagem, por isso, não foi caracterizado o flagrante. No entanto, este homem irá responder um inquérito policial. Na casa dos suspeitos foram apreendidos dispositivos eletrônicos, HDs externos e pen drives.
Os homens presos foram autuados pelo Artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê pena de reclusão, de um a quatro anos, além de multa, por “adquirir, possuir ou armazenar conteúdo de pornografia envolvendo criança ou adolescente”.
Perfil do pedófilo
Questionado sobre a situação do perfil do pedófilo, Kremer disse que não conhece “um perfil mais ‘de família’ do que aquele que viu no dia da prisão”.
A fala do delegado acende um alerta. Existe um “perfil” de como é ou como age um pedófilo?
“O pedófilo não é uma figura estereotipada, não existe um perfil específico. Por exemplo, um dos homens que foi preso mesmo foi o famoso exemplo de família de ‘comercial de margarina’, alguém que nunca se suspeitaria”, reforça o delegado.
A delegada coordenadora das DPCAMIs de Santa Catarina, Patrícia Zimmermann reforçou a fala do delegado e afirmou que não só nesse caso como em outros, os suspeitos fogem de “qualquer padrão que se possa identificar”.
“Já houve casos de operações em casas para buscar conteúdo, na ocasião de um jovem de 20 e poucos anos, a investigação começou em cima dele e quando se desenrolou vimos que o real culpado era o pai, já idoso”, conta a delegada.
“Foge à lógica. Não há uma idade específica, às vezes são pais de família. Identificamos pessoas onde não havia qualquer desconfiança”, reforça.
A delegada explica que a maioria das denúncias de casos de pedofilia partem dos pais das vítimas. “Existem salas de bate-papo que as crianças entram por vídeo, a pessoa com quem você irá conversar é ‘sorteado’, e nisso alguns aparecem sem roupas. É necessário que haja uma supervisão”, alerta Zimmermann.
A delegada finaliza dizendo que o controle dos pais ao conteúdo que a criança e ao adolescente consome é fundamental. “O direito à privacidade desses adolescentes não é superior ao dever de educação dos pais”, reforça.
Com informações ND Mais