Após 38 anos, um dos inúmeros casos de tráfico infantil segue sem solução em Santa Catarina. A analista de tecnologia, Karinor Ruimi, que até então acreditava ser israelense, descobriu ser brasileira, nascida em Itajaí, e roubada de seus pais biológicos no ano de 1986. A jovem é mais uma das milhares de crianças que foram alvo de uma quadrilha especializada no tráfico de bebês na década de 1980.
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Em entrevista ao Cidade Alerta, Karinor conta que começou a pesquisar sobre seus pais biológicos há cerca de dois anos, mas ainda não obteve sucesso em sua busca.
A jovem também conta como soube que foi traficada e levada para outro país: “chequei meus documentos, minha data de aniversário, meu passaporte, e descobri que eram falsos. Durante esse tempo eu conheci pessoas que trabalham em organizações governamentais e eles me ajudaram a checar tudo. Eu descobri que eu não nasci no lugar que está escrito no documento, não tem registro do meu nome nesse hospital”, relatou.
Quadrilha especializada em tráfico infantil agia em SC na década de 80
Karinor, assim como outras milhares de crianças, foram vítimas de quadrilhas especializadas em tráfico infantil. Estima-se que cerca de 3 mil bebês nascidos no Sul do país tenham sido enviados para Israel, contudo, as investigações da época apontaram que havia também receptadores no Canadá e Estados Unidos.
As autoridades também chegaram a divulgar que as crianças da Região Sul do país eram as mais procuradas, por serem brancas e de olhos claros. A principal líder desse esquema era Arlete Hilú, que mais tarde foi condenada e presa por tráfico de crianças, falsidade ideológica, formação de quadrilha e também por retirar crianças ilegalmente do Brasil.
Arlete morreu em abril deste ano, aos 78 anos, no interior de São Paulo.
O esquema também teria a participação de médicos, cartórios, policiais e até juízes. Cada criança era vendida por valores que variavam entre US$ 3.500 e US$ 5.000.