O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello determinou que a PGR (Procuradoria Feral da República) analise uma notícia-crime apresentada contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O despacho do magistrado é da última sexta-feira (27) e foi tornado público hoje no sistema do Supremo.
A petição, protocolada na Corte no ultimo dia 25 pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), que pede que a Procuradoria promova denúncia contra Bolsonaro devido ao “histórico das reiteradas e irresponsáveis declarações” feiras por ele sobre a pandemia do novo coronavírus.
Qualquer denúncia de crime comum contra um presidente da República durante o mandato deve ser apresentada pela PGR- hoje ocupada por Augusto Aras. Se oferecida, cabe à Câmara aceita-la ou não. Em caso de o mandatário virar réu, um eventual processo de impeachment é votado pela Casa. Se houver a aprovação de dois terços da Câmara, o presidente é afastado por 180 dias. Posteriormente, o caso ainda passa pelo STF e pelo Senado.
Segundo a petição, a “conduta irresponsável e tenebrosa”, de Bolsonaro incorre no crime previsto no artigo 268 do Código Penal Brasileiro, que trata de infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa e prevê detenção de um mês a um ano, além de multa.
“Para que a conduta irresponsável e tenebrosa e criminosa perpetrada pela maior autoridade pública Nacional, em seus pronunciamentos, não continue a colocar em risco a saúde de todos os cidadãos brasileiros”, diz a petição assinada por cinco advogados (Joelson Dias, Thyago B.S.Mendes, Camila Carolina Damasceno Santana, Sarah Campos e Luísa Santos Paulo).
O documento, que cita o isolamento social pregado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pelo Ministério da Saúde, diz que Bolsonaro, com suas atitudes, infringe “determinações do poder público, destinadas a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”.
A petição lista uma série de declarações e ações do presidente contra o covid-19, chamadas pelos advogados que subscrevem o documento de irresponsáveis, entre elas são:
– a resistência de Bolsonaro em repatriar brasileiros que estavam em Wuhan, primeiro epicentro da covid-19 (depois, o governo federal coordenou uma operação que trouxe o grupo de volta ao Brasil);
– os moradores em que o presidente minimizou o problema, com expressões e frases sobre a crise como “fantasia”, “entrar numa neurose”, “histeria”, “não é tudo que dizem”, “gripezinha”.
– O pronunciamento em rede nacional de 24 de março, quando Bolsonaro voltou a subdimensionar a covid-19, criticou governadores e defendeu o fim da quarentena.
“Destaque-se que o crime supracitado praticado pelo Presidente da República é de ação penal pública incondicionada, que deve ser promovida privativamente pelo Procurador-Geral da República, com a competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar”, diz a petição.
O Palácio do Planalto informou, por meio de nota, que não vai comentar o assunto.
Com informações UOL