O ex-marido da catarinense Ana Paula Campestrini, de 39 anos, foi condenado a 25 anos de prisão. Ele é apontado como o mandante do crime. Ana foi morta em 22 de junho de 2021, em Curitiba, no Paraná, com pelo menos 14 tiros à queima roupa quando chegava em casa no bairro Santa Cândida.
Na sessão de julgamento, que teve início na quinta-feira (23) e terminou na noite de sexta-feira (24), o Conselho de Sentença reconheceu os argumentos da denúncia feita pela Promotoria de Justiça, sendo: o fato de ter sido praticado em razão do sexo feminino da vítima (feminicídio), ter sido utilizado recurso de dissimulação que dificultou sua defesa e o motivo torpe (não aceitar que a vítima estava em um novo relacionamento, com uma mulher).
Além do ex-marido, apontado como mandante do crime, o autor dos disparos, contratado para matar Ana Paula, foi condenado a 28 anos de prisão, por homicídio qualificado e a um ano por fraude processual.
A denúncia do MPPR (Ministério Público do Paraná) foi feita em julho de 2021 pela 1ª Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida e teve como base as investigações conduzidas pela Polícia Civil, que concluiu que o réu contratou uma pessoa para matar a ex-esposa.
Assim, foram denunciados o ex-marido, o atirador contratado e um terceiro elemento que, a pedido do responsável pelos tiros, teria apagado do celular conversas mantidas com o mandante do homicídio para induzir os peritos e autoridades judiciais a erro.
O MPPR ainda sustentou a motivação de lesbofobia para o crime, na medida em que, por conta do novo relacionamento da vítima com uma mulher, o acusado teria passado a “empreender diversos constrangimentos e problemas”, dificultando o livre acesso dela aos filhos do casal e aos bens adquiridos na constância do casamento (ocultação de bens).
“Assim, motivado pela lesbofobia demonstrada com o inconformismo perante o novo relacionamento da ofendida […] e munido de egoísmo ao não acatar às reiteradas decisões judiciais em prol da devida divisão de bens entre os ex cônjuges”, o denunciado teria decidido pagar recompensa no valor de R$ 38 mil em troca da morte da ex-esposa.
Relembre o crime
Wagner e Ana Paula foram casados por 17 anos e tiveram três filhas, de 9, 11 e 17 anos na época. Ana Paula afirmou que era homossexual e pediu a separação.
De acordo com informações da Polícia Civil, na manhã do crime, Ana Paula teria ido fazer a carteirinha para ter acesso ao clube Sociedade Morgenau, onde as filhas treinavam esportes. O presidente do clube era Wagner, o ex-marido.
Segundo a investigação, o homem não deixava a catarinense ter contato com as filhas. Ana Paula ia até o local, mas ficava apenas na calçada, acenando de longe para as meninas.
Após a vítima deixar o clube, testemunhas afirmaram que viram Marcos Antônio, o atirador, subindo em uma moto sem placas. A Polícia Civil diz ainda que a moto estava escondida no clube há alguns dias, mas que após o crime o veículo não foi mais localizado. Além disso, as câmeras de segurança do clube estavam sem funcionar nos últimos dias.
Mesmo assim, conforme a polícia, é possível afirmar que o autor dos disparos perseguiu o veículo da vítima. O suspeito, Marcos Antônio, teria então esperado até que Ana Paula chegasse no portão de casa para descarregar a arma contra o carro.
Com informações ND Mais