snecessário dizer que 2016 não está sendo um ano fácil para ninguém. O estopim da corrupção no Brasil é apenas uma formiga no meio de bilhões de problemas que a população mundial tem, e parece que 2017 estará um segundo mais longe. Exatamente: os “senhores do tempo” da IERS anunciaram que um segundo extra será adicionado à contagem da virada do ano, quando os relógios do mundo inteiro vão ler 23:59:60.
IERS é a sigla internacional para “International Earth Rotation and Reference Systems Service”, ou Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra, em português. Essa medida é ocasionalmente necessária para assegurar que o Tempo Universal Coordenado (em inglês UTC, “Coordinated Universal Time”), a unidade oficial que determina o horário, fique em sincronia com as mudanças na rotação da Terra.
Mudanças na rotação da Terra? Como assim?
A UTC é determinada por meio de “relógios atômicos”, os quais são responsáveis por manter a precisão de cada tic-tac dos relógios mundiais graças à frequente consistência de micro-ondas liberadas por certos átomos. Um dia precisa somar 864000 desses segundos atômicos, mas a rotação da Terra nem sempre segue essa constância em função de efeitos gravitacionais gerados pela natureza – particularmente terremotos.
Essas ações podem afetar a duração do giro da terra em torno de seu eixo central. Os indicadores da IERS monitoram essas mudanças ao observar a luz de galáxias distantes, que estão bilhões de anos-luz distantes. Se a rotação da Terra estiver 0,9 segundo mais rápida ou mais lenta, a IERS anuncia o ajuste necessário no relógio. Desde 1972, um total de 26 segundos foi adicionado – e nenhum foi removido –, sendo que a medida mais recente data de 30 de junho de 2015.
Esse acréscimo de um segundo pode atrapalhar, principalmente, os sistemas automatizados, que geralmente ficam pré-programados para a realização de uma série de tarefas quando o relógio bate 00h00.
Existe uma discussão no mundo da ciência em que um lado defende essa medida e outro critica por causa dos “efeitos colaterais” nos sistemas automatizados mencionados. Iniciou-se um debate em novembro do ano passado sobre abolir tal medida, mas as conversas foram adiadas, pasmem, para 2023. Os donos do tempo que mandam, certo?