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Há 3 anos da primeira vacina de Covid-19 aplicada no Brasil, quais são os desafios?

Jonathan Ribeiro

Jonathan Ribeiro

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Covid-19

Aumentar imunização de grupos de risco é desafio na cobertura da vacina de Covid-19, alerta infectologistas

Dia 17 de janeiro de 2021, após meses de espera, apreensão e locais fechados, o Brasil se via com a primeira fagulha de esperança. A vacina de Covid-19. Há exatos três anos da primeira vez que o imunizante foi aplicado no país, ainda há desafios para serem vencidos.

Foi na data que a enfermeira Mônica Calazans recebeu a dose da Coronavac, imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

Em uma entrevista à Agência Brasil, o médico infectologista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), destacou que, embora a pandemia de covid-19 tenha sido “debelada”, o vírus continua circulando e ainda ocorrem mortes pela doença.

“Continuam acontecendo mortes pela covid-19. Portanto, uma questão importante é atualizar o calendário vacinal”, alertou.

O médico apontou como positiva a atuação da rede periférica de serviços de saúde pública para avançar na imunização da população.

“Principalmente a atenção primária [de saúde], que se dispôs e conseguiu avançar muito dentro da possibilidade de vacinação”, disse.

A primeira pessoa vacinada contra a covid-19 no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans, contou à Agência Brasil que aquele momento não sai de sua mente.

“Eu lembro do momento com muita emoção, me traz a memória [de que] naquele momento a gente estava saindo de uma situação por conta da vacina. Então me traz também muita alegria porque eu estava mostrando para os brasileiros que o que nós temos de seguro para enfrentar a covid-19 é a vacina”, disse.

“Eu entendo que estava representando os brasileiros, a gente não tinha esperança de nada. E, no dia 17 de janeiro de 2021, eu consegui trazer um pouco de esperança no coração brasileiro. Foi uma questão de muita alegria, emoção misturada com esperança. Foi um fervilhão de sentimentos naquele dia”, acrescentou a enfermeira.

Ela lembra de situações no transporte público ao comparar o período mais crítico da pandemia com o momento atual.

“Naquele momento tão crucial, tão traumático, as pessoas tinham medo até de sentar ao seu lado [no transporte], as pessoas não se aproximavam. E hoje não”.

“Hoje você consegue andar sem máscara, você consegue ver o sorriso das pessoas, você pega na mão das pessoas, porque anteriormente você não pegava na mão de ninguém”, comparou. Apesar disso, ela destaca a importância de manter a vacinação contra a covid-19 ainda hoje.

Dados em Santa Catarina

Em Santa Catarina, 77,32% do público-alvo para a vacinação contra a Covid-19 no estado recebeu pelo menos duas doses. A cobertura para três doses está em declínio, com apenas 38,44%, e a de quatro doses está ainda pior, registrando apenas 8,93%.

No caso da vacinação infantil, Santa Catarina vacinou apenas 46,26% das pessoas entre 3 e 17 anos com duas doses da vacina, e apenas 9,08% com três doses.

Ao considerar apenas as crianças de 3 a 4 anos, o número diminui significativamente, com apenas 9,13% de cobertura vacinal com duas doses em Santa Catarina.

Para as crianças de 5 a 11 anos, o número aumenta, mas ainda está aquém do esperado. Segundo os dados do Ministério da Saúde, apenas 35,40% desse público recebeu duas doses do imunizante, sendo que apenas 3,3% recebeu três doses.

Vacina de Covid-19 ainda não atingiu público infantil

O infectologista Gonzalo Vecina Neto ressaltou a preocupante baixa cobertura de vacinação em crianças na atualidade. Ele alertou para a elevada taxa de mortalidade entre crianças com menos de 5 anos devido à insuficiente cobertura vacinal.

Apesar das atuais variantes apresentarem uma maior capacidade de disseminação com uma taxa de mortalidade reduzida, grupos vulneráveis, como idosos, crianças pequenas, gestantes e indivíduos com comorbidades, ainda correm riscos significativos de desenvolver formas graves da doença.

Vecina explicou que esses grupos mais susceptíveis beneficiam-se significativamente da vacina, pois, ao contrair a doença, enfrentam um maior risco de hospitalização e morte.

A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, indicou que a tendência futura pode ser a implementação de vacinação anual, especialmente para grupos de maior risco, utilizando vacinas eficazes contra as novas variantes do vírus.

Ela enfatizou que o vírus está em constante mutação, escapando da imunidade adquirida, e destacou a importância da atualização constante das doses.

Richtmann mencionou que nos Estados Unidos já está disponível uma vacina monovalente mais recente, combatendo a variante XBB da doença, defendendo a importância de o Brasil adquirir essa vacina em substituição à bivalente atualmente em uso.

O Ministério da Saúde informou que a Campanha Nacional de Vacinação contra a COVID-19 iniciou em janeiro de 2021, com cinco vacinas autorizadas pela Anvisa em uso no Brasil. O esquema primário de duas doses no Brasil tem cobertura de 83,86%.

O Ministério ressaltou para a Agência Brasil que a adaptação contínua do esquema de vacinação conforme novas aprovações regulatórias e a disponibilidade de imunizantes no país por meio do PNI (Programa Nacional de Imunizações), seguindo as recomendações e atualizando os esquemas de vacinação.

Com informações ND Mais 

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