A divisão entre as entidades do setor e a pouca adesão marcam os primeiros dias da greve dos caminhoneiros em todo o País. O assunto repercute nos últimos dias aliado ao temor de uma repetição da situação vivida em 2018, quando o movimento provocou escassez e desabastecimentos de alimentos, gasolina e outros itens fundamentais.
A greve teve início neste domingo (25) – data marcada pelo Dia do Motorista. Na atual situação, ainda com um impasse entre as entidades e uma adesão tímida nos primeiros dias, os abastecimentos de itens fundamentais para a população segue sem maiores prejuízos.
No entanto, um movimento com maior intensidade, como o que se viu em 2018, traz diversos problemas sérios para o dia-a-dia do brasileiro.
O impacto na economia pode ser grande. Há três anos, o então Ministério da Fazenda (hoje Ministério da Economia) calculou um prejuízo de cerca de R$ 15,9 bilhões com a greve dos caminhoneiros.
Com a escassez de combustível, o que se viu foi filas enormes em todo o País com pessoas na luta para abastecer os veículos. O problema se refletiu também nos supermercados, farmácias e afins, por conta do desabastecimento provocado pela parada dos motoristas.
As manifestações dos caminhoneiros passaram a se espalhar principalmente desde a madrugada e manhã desta segunda-feira (26). Diversos vídeos e imagens começaram a circular nas redes sociais.
Entre as reivindicações dos caminhoneiros, estão o fim da política de PPI (Preço de Paridade de Importação) praticada pela Petrobrás para combustíveis, além de maior fiscalização nas estradas para cumprimento do piso mínimo de frete e a aposentadoria especial para motoristas.
De acordo com o governo federal, o volume de ocorrências é três vezes menor do que o que foi registrado no mesmo período da última tentativa de mobilização, no dia 1º de fevereiro de 2021.
O movimento começa apenas com trabalhadores autônomos. Por meio da assessoria, a Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina) explica que, por isso, não há nenhum tipo de movimentação no setor.
“As empresas de transportes de carga não fazem greve, quem faz são os caminhoneiros autônomos. Parar para esse tipo de movimento não faz parte da realidade das empresas, então no que compete a atuação delas, todos os serviços estão garantidos”, diz. A entidade ressalta que, até o momento, não vê muita força no movimento.
A realização da greve não é unanimidade entre os representantes dos transportadores rodoviários. Entidades como Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), Fetrabens-SP (Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado de São Paulo) e o Sindicam-SP (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo) decidiram não participar dos atos.
A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), que representa 800 mil caminhoneiros autônomos, não orientou seus associados sobre a adesão ao protesto.
Já a CNT (Confederação Nacional do Transporte), não emitiu um posicionamento oficial até a tarde desta segunda (26). No entanto, já havia informado que eventuais impactos da atual movimentação ainda estão sendo avaliados internamente.
“O movimento está ganhando força”
Por outro lado, o motorista Gilberto Fernandes Eleutério enxerga uma tendência de alta adesão no movimento dos caminhoneiros.
“O movimento está ganhando força, a tendência é que pare mesmo. Eu sou funcionário, dependo do meu patrão, mas eu apoio. Não dá, o preço do diesel, o pedágio absurdo que tá aí.”
Apesar de não fazer parte da greve, visto que é funcionário de uma empresa, Gilberto destaca a importância das reivindicações da classe.
“Eu enxergo força sim, acho que não tão grande como foi em 2018, mas os autônomos estão ganhando força. Eu recebo vídeos em grupos que faço parte, e dá a entender que tá aumentado. Mas agora também estamos pedindo apoio de motoristas de aplicativo, de moto… porque não é só quem trabalha com o diesel, é a gasolina também, e a tendência é aumentar mais [o preço]”, explica o motorista.
Ele ressalta, ainda, que a revolta está muito grande na classe, e se por acaso for parado por uma manifestação, ou a empresa resolver aderir, não terá problemas por parte dele.
“Se eu cair em uma manifestação, eu paro. Até porque senão eles quebram tudo, a galera está revoltada mesmo”, afirma.
Com informações ND Mais