CAÇADOR: Ginecologista é afastado após chamar paciente de ‘gorda e burra’

Kamila Sorgato

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O ginecologista suspeito de violência obstétrica e ginecológica contra pacientes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Maicé, em Caçador, foi afastado, em cumprimento a uma decisão judicial.

Entre as denúncias, estão a de uma mulher com câncer, que teria sido chamada de “burra, surda e gorda”, e o de uma gestante, recriminada por ter engravidado mais velha.

De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o hospital comunicou sobre o afastamento na sexta-feira (12), data-limite estabelecida pela Justiça. O MPSC havia entrado com uma ação civil no sistema judiciário sobre o caso.

Em dezembro, quando houve a determinação judicial, a unidade de saúde emitiu nota dizendo que “não concorda com os termos da Ação Civil Pública proposta, mas, acima de tudo, respeita todas as ordens judiciais emanadas pelo poder público”.

decisão liminar que determina o distanciamento do ginecologista em até 30 dias foi feita em 12 de dezembro, após o hospital se negar a acatar recomendação de cinco promotores para afastar o profissional, e em cumprimento a sentença da ação civil.

Relatos de atendimento agressivo do ginecologista

A ação do MP foi aberta após relatos de atendimento agressivo e desrespeitoso pelo profissional. Entre as denúncias, há a de uma gestante recriminada pelo médico por ter engravidado mais velha.

A mesma paciente passou 12 horas em trabalho de parto em um procedimento induzido pelo obstetra. Ao dar à luz, conforme o processo, a mulher perguntou por que o bebê não estava chorando e ouviu do médico que era “porque você está chorando por ele”.

Outra, levou exames para marcar a retirada de dois tumores na vagina e recebeu um tratamento hostil, segundo a denúncia. Ela foi mandada embora pelo médico. Ao insistir por tratamento, foi chamada de “burra”, “surda” e “gorda”. Depois, fez a cirurgia por outro profissional.

Também há relato de uma vítima que sofreu sangramento e teve dores após o profissional ter realizado um toque de colo de útero.

Ação civil contra hospital

A ação civil foi ajuizada pela 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Caçador depois que a direção da unidade de saúde se recusou a acatar a recomendação assinada por cinco promotoras para que o médico fosse afastado.

No procedimento, o MP pede que o hospital pague, no mínimo, R$ 300 mil por danos morais coletivos, para compensar os prejuízos sofridos por mulheres vítimas de discriminação de gênero, além do afastamento definitivo do médico de todos os serviços voltados à mulher.

Também é solicitado que a unidade contrate outro profissional para substituí-lo e que seja feita uma capacitação continuada das equipes médica e de enfermagem que atuam na área da saúde da mulher.

É pedido, ainda, a instalação de um canal de comunicação para que as pacientes possam relatar casos de violência.

O que disse o hospital

Confira a nota do hospital emitida em dezembro, quando houve a decisão pelo afastamento do médico:

  1. O Hospital foi CITADO na data de hoje sobre a Ação Civil Pública em trâmite na comarca de Caçador, em desfavor deste hospital e o Dr. J. E. O.
  2. Que imediatamente o Departamento Jurídico do Hospital tomou ciência da CITAÇÃO judicial e já estamos analisando item por item daquela ação. Foram acionadas todas as equipes necessárias do Hospital para reunirmos a documentação necessária ao deslinde da ação e as exigências requeridas.
  3. O Hospital Maicé mantém 24 horas por dia a sua equipe técnica capacitada e qualificada para o desempenho de suas atividades para a população e dentro de todas as regras e normas técnicas exigidas.
  4. O Hospital não concorda com os termos da Ação Civil Pública proposta, mas, acima de tudo, respeita todas as ordens judiciais emanadas pelo poder público.
  5. Informados a população que, apesar do pedido de afastamento do profissional, estamos reunidos para resolver da melhor forma o imbróglio, no que couber a nossa instituição.
  6. Salientamos que tão logo as notícias sejam melhores informaremos a população.

Leia mais: Liminar obriga Hospital Maicé a afastar ginecologista que teria cometido violência obstétrica e ginecológica

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