Um homem internado no hospital após sofrer um acidente de trabalho conseguiu acompanhar o nascimento do filho via celular. Ele estava em uma unidade de saúde em Chapecó, no Oeste, e o parto foi em Joaçaba, na mesma região do estado. As duas cidades ficam a cerca de 160 quilômetros de distância uma da outra.
Fábio sofreu o acidente durante o trabalho de restabelecimento da energia elétrica no estado após o “ciclone bomba” que atingiu pelo menos 200 cidades catarinenses em 30 de junho e resultou na morte de 11 pessoas. O fenômeno é considerado o maior desastre com ventos da história de Santa Catarina.
O casal Patrícia e Fábio está junto há 14 anos. Eles têm dois filhos: Bianca, de 6 anos, e Pedro, que chegou há poucos dias. O parto do menino já estava programado para julho quando, porém, logo no começo do mês, Fábio sofreu o acidente. Ele teve mais de 50% do corpo queimado e foi transferido para um hospital de Chapecó para começar o tratamento.
Mesmo sem ter alta do hospital, o marido conseguiu acompanhar o parto, que ocorreu quatro dias depois do acidente. A emoção no rosto do pai do bebê foi inegável e mesmo internado e à distância, ele conseguiu dar forças para a mulher no parto.
Segundo a enfermeira assistencial Caroline Frilich Bringhenti, as equipes de saúde dos dois hospitais se envolveram para ajudar que o pai estivesse presente no nascimento do filho.
“Na hora, a gente já conversou com toda a equipe, com ele, com a família, com a irmã dele, de nós tentarmos articular essa videochamada no momento exato do parto. E felizmente deu certo. Foi um momento único pra todos nós, foi muito emocionante, mesmo que virtualmente”, relatou a enfermeira.
Pedro nasceu com saúde. Fábio continua o tratamento, agora em Florianópolis. A família tem um desejo: “Que ele possa voltar pra casa, recuperado, voltar para nossa vida todos nós juntos. Eu, o Fábio a Bianca e o Pedro”, disse Patrícia.
Ciclone bomba
Fábio foi um das centenas de trabalhadores envolvidos no restabelecimento da energia elétrica em Santa Catarina. O ciclone bomba derrubou árvores, postes, destelhou casas e deixou mais de 1,5 milhão de imóveis sem luz em todas as regiões catarinenses.
Segundo as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), este foi o maior desastre elétrico da história da empresa. Em alguns lugares os moradores esperaram mais de uma semana para voltar a ter energia em casa.
Algumas cidades ficaram destruídas, como Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, e Garuva, no Norte catarinense. A Defesa Civil calcula que serão necessários pelo menos R$ 270 milhões para reconstrução de tudo que foi destruído, seja em residências, locais públicos, como escolas, e também na agricultura.
Ao todo, 13 pessoas morreram no Sul do país com a passagem do ciclone, 11 delas em Santa Catarina. Duas morreram após caírem enquanto reconstruíam suas casas.
Com informações G1 SC