A agressão aplicada pelo estudante de 15 anos ao golpear a professora em uma escola de Indaial, no Vale do Itajaí, foi vivenciada por ele desde a infância. Antes dos 10 anos, quando morava com a família em Barra dos Bugres, Mato Grosso, o rapaz apanhou tanto do pai, alcoólatra, que ficou hospitalizado por dois dias. Um ambiente em que a violência era ensinada em casa. A mãe, que é faxineira, rompeu esse ciclo há cinco anos, quando vendeu tudo e se mudou com ele e o irmão mais novo, hoje com 12 anos (a filha mais velha já havia saído de casa), para Indaial. Buscava uma nova vida para educar os filhos.
— Vi alguns comentários de pessoas me culpando na internet, falando da criação. Mas elas não sabem a minha história. Não tem justificativa para a violência, nunca. Mas tem toda essa situação — lamenta a mãe.
Responsável pela investigação do caso, concluída no fim da semana, o delegado José Klock é um dos defensores do papel da família para enfrentar situações como essa.
— As famílias estão se omitindo muito. Terceirizaram essa formação, de ser o que se é, da consciência, da formação e do caráter. Querem que as escolas façam educação e formação — critica o policial.
Mesmo em SC, o jovem teve dificuldades para se adaptar a uma vida sem violência. Segundo a promotoria de Indaial, há registros de conflitos do adolescente com colegas de classe, conselheiro tutelar _ fato negado pela defesa _ e até contra a mãe. Há sete meses, o estudante tatuou no antebraço a frase “amor só de mãe”. Demonstra na pele e na fala que se arrepende da agressão e diz ter “explodido, perdido a cabeça” quando a professora supostamente teria xingado a mulher que lhe deu a vida, violência verbal negada pela defesa de Marcia.
Apesar de ter pela frente outro ato infracional a responder judicialmente, além da própria internação provisória aceita pela Justiça, ele espera voltar a estudar, mas teme não ser aceito em outra escola.
Advogado da família, Diego Valgas, pretende ingressar com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça para o adolescente prosseguir com os planos pessoais sem a imposição da internação provisória:
— Até ontem [quinta-feira], o adolescente nunca recebeu atendimento especial. Justificar a omissão do Estado no passado com internação provisória, medida extremamente drástica, é um ato lamentável que traria consequências irreversíveis.
Com informações de Diário Catarinense