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Doença misteriosa assusta moradores da Costa do Marfim após mortes repentinas de crianças

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Uma doença misteriosa está causando pânico na Costa do Marfim, na África Ocidental. Crianças e idosos estão morrendo de maneira veloz e ainda sem explicação. As informações são da AFP.

Uma moradora chamada Amena Djaha contou à AFP sobre como a doença se abateu sobre sua família. “À noite meu neto se sentiu mal, pela manhã tinha morrido”, comenta. Nos últimos meses, cerca de 20 crianças de Kpo-Kahankro, região central da Costa do Marfim, morreram repentinamente.

Nas aldeias, as suspeitas sobre a doença vão de crenças místicas à contaminação bacteriana. “Em uma noite levaram meu neto, uma criança que tinha um ano e alguns meses e que apenas engatinhava”, disse Amena Djaha.

Kahankro. Seus corpos ficaram rígidos e os olhos reviravam antes de morrerem em poucas horas.

Já no fim de janeiro, quando a comoção da população foi dissipada, aproximadamente 15 pessoas, a maioria crianças e idosos, também morreram subitamente nas mesmas circunstâncias. Em Bouaké, dezenas de habitantes foram hospitalizados por conta da doença.

“As pessoas batiam na minha porta e gritavam ‘a história começa de novo’”, relembra Dorothée Kouamé Ahou. Ela perdeu a neta de três anos. “Sequer consegui ver novamente minha princesinha desde que ela morreu. Sinto falta dela”, lamentou aavó de 46 anos.

“É algo místico”, afirma Nanan Koffi Patrice, chefe da aldeia.

Origem da doença

Em Kpo-Kahankro a notícia que corre é a de que haveria um “fetiche”, ou seja, um objeto com poderes místicos que está na casa de François Kouame Kouadio, líder da aldeia, e que seria a causa das desgraças que caíram sob a comunidade. A tese foi aceita pelo tribunal de Bouaké.

Na quinta-feira (9), o tribunal condenou a cinco anos de prisão Kouadio e o “fetichista” acusado de montar o objeto, por “atos de charlatanismo e perturbação da ordem pública”.

Diante da crise, membros do governo se deslocaram diversas vezes para Kpo-Kahankro. Foram realizadas autópsias em alguns corpos, que ainda não foram devolvidos às suas famílias.

As autoridades médicas afirmam que se trata de uma contaminação com clostridium, bactéria encontrada no “fetiche” e que pode causar sintomas graves em crianças e idosos. O balanço oficial é de 16 mortos, embora os moradores tenham contabilizado 21, sendo 18 crianças.

Essa conclusão convence os aldeões, embora não tranquilize por completo a população local. “Fico feliz que o fetiche foi desenterrado, foi o que matou nossas crianças”, expressou Amena Djaha.

“Meu neto nunca teve contato com este objeto. Ele mal andava e nunca saía do pátio”, acrescenta a mulher que vive a centenas de metros do ponto de contaminação.

“Temos medo”

“Basta uma criança ter tido contato com a bactéria e depois levar a mão à boca para adoecer. Ela pode contaminar brinquedos, objetos e, portanto, outras crianças”, explicou o diretor do Instituto Nacional de Higiene Pública (INHP), Joseph Bénié Bi Vroh, que supervisionou a análise.

Após vários dias interrompido para testes adicionais, o serviço de água foi restabelecido. Desde então as mortes pararam. “Claro que temos medo”, diz Paul Kouassi, presidente de uma associação juvenil da aldeia.

*Com informações da AFP.

 

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