Um deputado estadual de Santa Catarina se ofereceu para pagar um churrasco cada vez que um criminoso for morto por um policial. A “oferta”, publicada nas redes sociais, teve o endosso, por meio de curtidas, de militares de alta patente no Estado. “Cada vagabundo que colocarem no ‘colo do capeta’ eu pago um churrasco! Tmj! Força e honra!”, escreveu o parlamentar.
O comentário foi feito em uma publicação do comandante da Guarnição de Imbituba, tenente-coronel Daniel Nunes Da Silva, que anunciou a posse do novo corregedor da Polícia Militar na Guarnição Especial da cidade. O autor da polêmica é o deputado Jessé Lopes (PSL), mais conhecido pelas opiniões do que pela atuação parlamentar.
O comentário de Jessé foi curtido por militares como o próprio comandante Daniel Nunes, o tenente-coronel Peterson do Livramento, diretor do colégio Militar de Laguna, e o capitão do Corpo de Bombeiros Militar, Guilherme Virissimo.
POLÊMICA
A informação foi publicada originalmente pelo jornalista Fabio Bispo. Ele explicou que o cargo anunciado na postagem, além da corregedoria – que é a fiscalização da atividade policial – acumulará as funções de coordenador das redes do Proerd e da Rede de Vizinhos.
Questionado pela coluna sobre a oferta de churrasco para que policiais assassinem pessoas, o deputado disse que deveríamos “começar perguntando direito”: “Eu não falei pessoas, eu falei vagabundos”, respondeu o parlamentar, que reiterou a afirmação feita no comentário.
A Bispo, Jessé criticou a legislação porque os policiais “têm que esperar levar tiro para revidar”, e disse que generalizou: “Não falei de nenhum caso específico. Existem várias formas de se matar um vagabundo, pode ser em confronto. Não tô dizendo que tem que sair por aí matando manifestante”.
O currículo de Jessé Lopes é farto de polêmicas, e as redes sociais são seu palco preferido. O deputado catarinense já afirmou que assédio é um “direito” e “massageia o ego” das mulheres; insinuou que usar saias e decotes pode levar mulheres a serem estupradas; e responde processo judicial por espalhar fake news usando o nome do governador Carlos Moisés.
Enquanto o mundo todo questiona a violência nas abordagens policiais e suas consequências – um debate que começou nos EUA, após o assassinato, diante das câmeras, de George Floyd, durante uma ação dos agentes da lei – Santa Catarina vai na contra-mão da História.
Se nos EUA os policiais foram demitidos, estão sendo processados e podem ficar presos por um bom tempo, aqui, isso é incentivado, com tons jocosos, por um parlamentar que responde processos na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa. E que é pago pelo contribuinte.
Com informações NSC