O estudo da percepção situa-se num nível menos sensorial e mais cognitivo do que aquele da sensação. A percepção é uma construção, um conjunto de informações selecionadas e estruturadas, em função da experiência anterior, das necessidades e das intenções do organismo implicado ativamente numa determinada situação.
As duas tendências conflitantes nas neurociências dão a de se acreditar na possibilidade ou impossibilidade de entender o fenômeno da percepção fundamentado basicamente nas propriedades de neurônios individuais. Aparentemente, a percepção depende da atividade simultânea e cooperativa de milhões de neurônios espalhados através do córtex (FIALHO, 2001).
A mente é um sistema de órgãos de computação, desenhado, por seleção natural, para resolver os tipos de problemas que os ancestrais encaravam nas suas maneiras de viver.
Com isto, o funcionamento cognitivo deve ser considerado, de qualquer forma, como o funcionamento de um sistema. Pode-se descrever esse sistema em vários níveis, desde o intracelular, passando pelo neurológico, até uma descrição de mais alto nível, funcional.
As atividades mentais podem ser definidas, também, pela natureza dos tratamentos que elas operam. O que as caracteriza é que elas constroem representações e operam sobre elas. As representações são, essencialmente, interpretações, que constituem em utilizar conhecimentos para atribuir um significado de conjunto aos elementos resultantes da análise perspectiva, isto no contexto de uma situação e de uma tarefa particular.
De acordo com Fialho (2001), a construção de uma representação comporta a atribuição definitiva de significados a estes elementos e, principalmente, a seleção, para cada elemento, de um significado particular, isto quando diferentes significados podem ser fornecidos pela identificação perceptiva.
As atividades mentais podem ser caracterizadas pela natureza dos processos de tratamento que as constituem. Fodor distingue tratamentos modulares e não modulares.
Os tratamentos modulares são tratamento especializados que têm acesso somente a uma parte da informação disponível no sistema. São, desse modo, autônomos e impermeáveis ao que se passa em outras partes do sistema.
Segundo este autor, existem duas formas de cognição: os processos centrais e os modulares.
As atividades mentais são feitas de tratamentos não modulares, pois integram informações de natureza muito diversa: conhecimentos relacionais e procedurais, informações sobre a situação, e informações sobre a tarefa.
Elas são, na realidade, muito sensíveis aos efeitos do contexto: não apenas o contexto perceptivo e lingüístico, mas também o contexto semântico e igualmente o contexto da situação e da tarefa (FIALHO, 2001).