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Caçadorense Moacir D’Agostini participa do Mundial de Paraquedismo em Dubai

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O caçadorense Moacir D’Agostini é o único representante do Sul do Brasil no Campeonato Mundial de Swoop, que está acontecendo em Dubai, nos Emirados Árabes. A modalidade, considerada umas das mais radicais e perigosas do paraquedismo reúne até a próxima sexta-feira (1º) os melhores atletas do mundo. São mais de 100 competidores, de 25 países, que brigam pelas primeiras posições no pódio.

A abertura oficial do evento aconteceu nesta segunda-feira (27) e as provas iniciaram nesta terça (28). Segundo o regulamento da competição, o campeão será o atleta que tiver o maior número de pontos na somatória geral das etapas, assim como a classificação dos demais participantes.

Além de Moacir, integram a delegação brasileira três paraquedistas de São Paulo e um Boa Vista (RR). Além deles, o Presidente da Federação Catarinense de Paraquedismo e membro da Confederação Brasileira, Mário Priotto, também está em Dubai.

O Swoop, conhecido ainda por Pilotagem de Velames, é uma modalidade do paraquedismo que acontece a baixa altitude, fazendo com que o paraquedista voe próximo ao solo em alta velocidade, testando sua habilidade e precisão através de um mergulho com o paraquedas.

Nesta categoria, o paraquedista sai do avião a 5000 pés de altura – cerca de metade da distância de um salto convencional – e abre o seu paraquedas imediatamente após a saída. Os atletas então se aproximam de uma espécie de raia de piscina conhecida como pond, devendo passar horizontalmente a apenas alguns centímetros do chão, por esse corredor aquático cercado por bandeiras e sensores para cumprir, com a máxima excelência, as três disciplinas disputadas em um campeonato: precisão, velocidade e distância.

Trajetória que culminou no Mundial

Com a experiência de 22 anos no paraquedismo, Moacir D’Agostini tem em seu currículo cerca de oito mil saltos, os quais lhe rederam diversos títulos na carreira e reconhecimento Internacional. Além de campeão catarinense e Latino Americano, é recordista Sul-americano na modalidade de queda livre. Junto ao desempenho como atleta se destaca o trabalho de instrutor, tanto de aluno quanto de salto duplo.

Ao chegar a Dubai ainda na noite de sábado (25), o caçadorense externou orgulho em representar o Brasil em uma competição de tão alto nível. Agradecendo o apoio da Uniarp, que o patrocina neste evento, lamentou apenas a indiferença do Governo Federal, que não auxiliou os atletas mesmo representando o país no exterior. “Infelizmente muitos países estão à frente do Brasil porque apoiam seus esportistas e dão todo o suporte para que possam representá-los nas competições internacionais. Mesmo assim, a nossa motivação é grande e vamos nos dedicar muito para representar o Brasil da melhor forma possível”, disse.

Diário de Dubai: segunda-feira

Fiz dois saltos hoje. Venta muito aqui, é bastante desafiador. Sair em cima do mar faz com que a gente perca um pouco da referência de distância e profundidade, mesmo assim fui muito bem nos treinos. Queria ter feito uns 10 saltos, mas não foi possível pela quantidade de competidores do mundo todo. São 25 países e quase 100 atletas.  É a modalidade mais perigosa do paraquedismo atinge mais de 130 km por hora próximo ao solo.

Sabia que quando saio do avião me sinto em casa? Isso faz com que aquilo que pratiquei durante 22 anos apareça, pois tenho tranquilidade, planejamento e atitude mesmo com mínimo de treino. Estou competindo lado a lado com os Franceses, Americanos, Italianos, Espanhóis, Asiáticos e com pessoal dos Emirados Árabes que treinaram ano todo. Eu cheguei aqui com 30 saltos de treinamentos, já os atletas americanos e europeus com mais de 600 só treinando. Lógico que essa diferença de treinamento faz diferença, mas sou caçadorense, catarinense e, acima de tudo brasileiro, com espírito de garra e fazendo o máximo para representar minha cidade e meu querido Brasil”.

Pressão atmosférica, vento, posição do pound de pouso (piscina) … acostumar a navegar ao lado dos prédios nos dá a sensação de estarem baixos, mas na realidade são prédios altíssimos. Também navegar com paraquedas no meio do mar deveria ser natural, mas não é pois no Brasil não faço isso; sempre saímos de cima da terra”.

Superando-me a cada salto e, além de tudo isso, fazendo pouso com velocidade acima dos 130 quilômetros por hora sem poder errar. 20 cm na altura de entrada e saída do pound, isso significa que se passar acima, zera, e se passar abaixo a batida é grande e perigosa, especialmente nessa velocidade. Vamos lá, Caçador, Santa Catarina e o nosso Brasil merecem ser bem representados”.

Diário de Dubai: terça-feira

A competição começou. É incrível como muda totalmente o ambiente entre os atletas, todos focados como time, representando cada equipe o seu país. Estamos dobrando nossos paraquedas entre atletas da Rússia, do Canadá, EUA, Inglaterra, Espanha, Austrália, entre outros. Enquanto treinávamos, nos comunicávamos em Inglês (Língua que consigo me virar, mas não sou fluente).

Começando o campeonato a coisa mudou: cada país concentrado e falando na sua língua de origem, tanto para motivar quanto para fazer os briefings (planejar o salto) e o debriefing (ver filmagem, apontar três pontos positivos e três pontos a melhorar no próximo salto).

A competição de hoje foi de velocidade, precisa passar abaixo de 1.30 metros no gate de entrada (portão imaginário na entrada da piscina) e passar pelo segundo portão, depois do Pound. Já na terra há mais de 30 m, sem perder a altura. Para que o paraquedas faça o Swoop, ou seja, voe horizontalmente sem bater no chão é necessário começar a curva a mais de 300 metros de altura e chegar a 1.30m em mais ou menos 6 a 8 segundos em uma velocidade de quase 150km/h. Não pode errar, se errar pode ser grande o estrago”.

A evolução dos paraquedas com certeza está ligada aos campeonatos, onde as fábricas ficam estudando atletas e performances de voos dos paraquedas.

“Ontem, na solenidade abertura foi lindo. Estavam todos os países organizados e   com presença do Sheik, que é também paraquedista, além de outras autoridades dos Emirados Árabes. Também houve voos em ala de aeronaves e de paraquedas trazendo a bandeira do país e também do Sheik (a foto e quase um símbolo santo pelo que percebo o povo respeita muito”.

“Hoje a equipe do Brasil começou a competição bastante apreensivo porque competir entre 100 melhores do mundo é uma grande responsabilidade. O compromisso de representar o país faz com que a adrenalina corra mais forte nas veias, o coração acelera. Lá vem o caminhãozinho nos buscar para levar até o avião. Decidimos a ordem de saída e eu fui o quarto no avião, atrás do Canadá, França e Estados Unidos. O salto é há 6 mil pés (considerado baixo para nos paraquedistas). Primeiro salto do dia lembrei da mensagem do meu filho Andrew, de 15 anos: (Pai vai lá faz o que tu sabes, e se não souber vai ter que dar jeito já estará voando mesmo não terá a opção de voltar para o avião). Aprendo muito com ele) ”.

“Abri o paraquedas exatamente em cima do Burj Kalifa (prédio mais alto do mundo), 828 metros abaixo de mim. Aí me refiro que se perde pouco a referência porque no Brasil ou qualquer outro lugar que já saltei no mundo não temos experiências como essa.  Sei que estão ansiosos para saber o final da história, mas isso somente sera possível no final do campeonato, na sexta feira”.

“ O resultado do time do Brasil de hoje foi o 6º lugar, o qual acredito ser uma vitória, pois não temos nem o mínimo de estrutura como outros países apresentam aqui.  Estou escrevendo isso no Whatsapp dentro do ônibus dos atletas voltando para o hotel para passar para os meus amigos da imprensa de Cacador. Antes que esqueça, do meu lado tem um Francês, o Cedric, que ontem estava “tirando uma onda” que ia ganhar de nós e hoje ficou no chinelo. O ônibus está chegando no hotel e vou descansar porque amanhã vai ser de distância a prova de fogo e já não tenho mais 20 anos como muitos atletas aqui do mundial. Abraço a todos meus queridos amigos ai do Brasil. Que Deus proteja a todos nós.

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