O Instituto Butantan criou uma possível nova vacina, 100% brasileira, contra a Covid-19. Agora, o laboratório pedirá autorização à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar ensaios clínicos em humanos.
O objetivo é ter 40 milhões de doses prontas até o fim deste ano. A informação foi dada pelo jornal Folha de São Paulo na noite de quinta-feira (25) e confirmada pelo Estadão.
Além disso, o governador de São Paulo, João Dória, e o diretor do Instituto, Dimas Covas, falaram sobre a produção da vacina durante coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (26).
O imunizante será chamado de Butanvac e foi totalmente desenvolvido pelo Instituto, que lidera um consórcio internacional do qual é o principal produtor – 85% da capacidade total de fornecimento da vacina, se tudo ocorrer como previsto, sairá do órgão do governo paulista.
O pedido de autorização se refere às fases 1 e 2 de testes do imunizante, nas quais serão avaliadas a segurança e capacidade de promover resposta imune em 1,8 mil voluntários. Na fase 3, até 9 mil pessoas irão participar – esta é a etapa que vai estipular a eficácia da nova fórmula.
A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, nos quais a eficácia é avaliada em animais. O imunizante também será testado nos dois outros países participantes do consórcio, Vietnã e Tailândia – neste último, a fase 1, inclusive, já começou.
Vacina é feita com vírus da gripe aviária
A vacina tem uma tecnologia já empregada amplamente pelo Instituto Butantan, que utiliza o vírus inativado de uma gripe aviária, chamada doença de Newcastle, como vetor para transportar para o corpo do paciente a proteína S (de spike, espícula) integral do SARS-CoV-2.
O Instituto é o maior produtor de vacinas do País e já fornece a Coronavac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac. Ele conduziu a testagem do imunizante no Brasil e é o responsável pelo envase do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), importado da China. O desenvolvimento da Butanvac em nada altera o cronograma de vacinação da Coronavac.
Diferentemente da Coronavac ou da vacina de Oxford/AstraZeneca, em que os parceiros nacionais podem produzir uma capacidade limitada de doses, agora, o Instituto Butantan é o principal desenvolvedor dentro do consórcio e poderá produzir a maior parte dos imunizantes.
Além da vacina, o órgão já havia pedido à Anvisa a autorização para testar o soro de tratamento contra a Covid-19. Na última quarta-feira (24) o diretor do Instituto, Dimas Covas, informou que toda a documentação solicitada pela agência havia sido enviada no dia anterior. A estimativa é que a aprovação ocorra até esta sexta-feira (26).
A pandemia já matou mais de 300 mil brasileiros e a imunização anda a passos lentos no País. Balanço da vacinação aponta que 14.074.577 pessoas já receberam a primeira dose. O número representa 6,65% da população brasileira.
Com informações ND+