Na disputa com Fernando Haddad (PT) pelos votos do eleitorado de menor poder aquisitivo, a campanha do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, incluiu a proposta de um 13º salário para os beneficiários do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda dos governos petistas. Segundo ele, a verba para o adicional viria do dinheiro arrecadado com o fim da “roubalheira” no programa – isto é, fraudes no pagamento do benefício.
A promessa tenta minimizar o impacto de declarações recentes do general Hamilton Mourão, candidato a vice na sua chapa, especialmente entre os eleitorados nordestino e feminino. Antes do primeiro turno, o general da reserva criticou os pagamentos do 13º salário e do abono de férias. Também declarou que filhos criados por mulheres estão mais propensos a serem cooptados pelo tráfico.
Nas redes sociais, Haddad questionou a nova posição de Bolsonaro em relação ao programa social criado pelo governo do PT: “Afinal, ele é contra ou a favor do Bolsa Família?”.
Bolsonaro não é o primeiro a prometer o pagamento do 13º salário do Bolsa Família. A ideia já foi apresentada pelos candidatos Marina Silva, então no PSB, em 2014, e por José Serra, do PSDB, em 2010.
Atualmente, 13,7 milhões de famílias recebem um benefício médio de 178 reais do Bolsa Família. O programa custa cerca de 2,4 bilhões de reais por mês aos cofres federais – 30 bilhões de reais ao ano. O pagamento do 13º salário aumentaria o custo anual do programa em cerca de 2,5 bilhões de reais. Além das 6,9 milhões de famílias nordestinas, a lista de cadastro do programa inclui beneficiários do Sudeste (3,5 milhões), Norte (1,7 milhão), Sul (836 mil) e Centro-Oeste (653 mil).
Em vídeo divulgado por aliados do Nordeste, Bolsonaro disse que o aumento de despesa será coberto por recursos que seriam gerados com a repressão a supostos benefícios irregulares. Ele não estimou valores. “Essa despesa vamos tirar da fraude no programa”, disse.