A expedição que saiu de Florianópolis no dia 1º de maio de 2019 rumo ao Alasca, nos Estados Unidos, a bordo de um Fusca 1976, finalmente chegou ao seu destino final. Foram quase quatro anos de experiências na estrada e, claro, alguns “perrengues”. Entre eles estão um conflito civil no Equador, uma nevasca em Bariloche e a pandemia da Covid-19, que fechou fronteiras e isolou o viajante Raphael Prata na Califórnia.
A aventura começou com um trio, mas desde meados de 2020 Raphael segue sozinho. O objetivo era alcançar o Alasca em um ano. Os planos não correram como o imaginado, mas no dia 21 de junho, o viajante conseguiu partir da Califórnia sentido ao estado gélido.
De acordo com Raphael, a Rota 101, autoestrada que percorre os estados da Califórnia, Oregon e Washington, é uma das mais lindas já vistas durante o longo percurso. O viajante conta que voltar para a estrada depois de tanto tempo de isolamento foi uma mistura de sentimentos.
“Um frio na barriga muito grande, pois estava parado há muito tempo e já totalmente acostumado a ter um endereço fixo, uma rotina, uma cama! Mas, bastaram cinco dias na estrada para a mesma sensação de pertencer a ela e o sentimento de liberdade voltar”, diz.
Percurso rumo ao Alasca
Na Califórnia, a pequena cidade de Half Moon Bay, que atrai surfistas pelas belas ondas, chamou a atenção de Raphael. Em São Francisco, o viajante realizou um sonho de criança e visitou a Ponte Golden Gate.
“Foi um sentimento de realização. Tinha comigo uma bandeira do Brasil e a levantei, marcando o local como uma grande conquista. Sempre quis ver essa ponte de perto, até porque a vejo nos filmes desde pequeno. Ver de perto me trouxe um sentimento de nostalgia”, revela.
De São Francisco, Raphael e Lya, como é carinhosamente chamado o fusquinha, percorreram estradas “cinematográficas” pelo Oregon. Na cidade de Seattle, no estado de Washington, o viajante foi para a casa de um amigo esperar a data de saída do barco.
“Sim, como eu tive que aplicar para estudante nos Estados Unidos, eu não poderia passar pelo Canadá, pois eu teria que sair dos Estados Unidos e, se saísse, perderia a minha aplicação. Então, tive que mandar a Lya de barco direto para Anchorage, a maior cidade do Alasca. Eu segui de avião”, esclarece.
A chegada
“Que sensação incrível ter chegado aqui de Fusca. Eu confesso que até hoje não acredito que consegui”. É com essas palavras que Raphael Prata descreve o desembarque no Alasca.
Ele descreve que a expedição é um “ponta a ponta nas Américas”, ou seja, vai do Ushuaia, no Extremo-Sul da Argentina até Prudhoe Bay, no Extremo-Norte do Alasca. No entanto, antes de seguir rumo a Prudhoe Bay, o viajante solo quis rodar um pouco pelo Estado tão almejado.
Acompanhado por outros viajantes, Raphael conta que teve momentos memoráveis. O grupo ficou por mais de um mês em uma ilha isolada com cerca de 60 habitantes na península de Kenai para participar da famosa pesca do salmão.
Acompanhado por outros viajantes, Raphael conta que teve momentos memoráveis. O grupo ficou por mais de um mês em uma ilha isolada com cerca de 60 habitantes na península de Kenai para participar da famosa pesca do salmão.
“Aqui estou: morando em um trailer e experimentando temperaturas que já chegaram a -30ºC. Coisa de maluco essa ideia, mas para uma experiência estou achando incrível”, avalia.
A chegada no Extremo-Norte está marcada para acontecer no dia 1º de maio de 2023, quando marcam exatos quatro anos do início da expedição. Segundo Raphael, a chegada na região entrará para a história do antigomobilismo, como o primeiro Fusca no mundo a realizar uma viagem de ponta a ponta nas Américas com acervo de registros.
“É um feito que levamos para o Brasil. Não é nenhuma medalha de ouro, mas me sinto realizado, pois só eu sei o quanto foi difícil rodar mais de 60 mil km e enfrentar todo o tipo de desafio possível para realizar esse percurso”, diz.
E quem pensa que depois dessa aventura, Raphael Prata pretende fixar residência e descansar, está enganado. Ele revela que está tentando viabilizar uma viagem de Fusca pela Europa.
“Viajar o mundo não é algo tão conhecido pelas pessoas, mas para quem nos segue e conhece nossa história, deixamos um legado de persistência e de crença nos sonhos. Se conseguimos incentivar ao menos uma pessoa a seguir seus sonhos, tudo já terá valido a pena”, conclui Raphael.
Com informações ND Mais