O mês de agosto começou com a consolidação da queda dos números da Covid-19 em Santa Catarina. A informação foi trazida no último boletim do Necat (Núcleo de Estudos de Economia Catarinense) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Ainda não é a notícia que todos querem ler e até mesmo a que os profissionais querem dar. Mas está mais próxima do ideal, já que o boletim assinado pelo professor titular e coordenador geral do Necat, Lauro Mattei, traz dados que consolidam a tese de arrefecimento do coronavírus em território catarinense.
Embora essa queda baseada em dados, o professor também mostra que os números presentes em Santa Catarina, apesar de apresentarem redução, não indicam o término da pandemia ou até mesmo motivos para acatar um relaxamento total das medidas sanitárias.
Pelo contrário, Mattei ainda pontua que a disseminação do vírus é comprovadamente rápida.
Santa Catarina, por exemplo, se mantém com a 6ª posição no que diz respeito ao número absoluto de casos por unidade da federação.
Redução dos casos ativos
Atualmente com 11.942 casos ativos da Covid-19, Santa Catarina tem o número mais baixo desde outubro de 2020. A queda mais acentuada foi registrada depois de março de 2021, quando houve uma explosão de casos e a ocupação quase total das unidades hospitalares em todo o Estado.
Para se ter uma ideia, em 12 de março de 2021, Santa Catarina contabilizava mais de 33 mil casos ativos da doença.
Em termos absolutos, o estado de Santa Catarina ocupa atualmente o 10º lugar no ranking nacional dentre as unidades da federação com o maior número de óbitos pela Covid-19, sendo que apenas ao final de maio de 2020 foi atingida a primeira centena de mortes provocadas pelo coronavírus.
Para compreender essa curva descendente, basta pegar o mês de março, quando foram registrados 3.527 óbitos em Santa Catarina, revelando as consequências dramáticas do estágio da doença no Estado naquele momento. Já em abril mais 2.649 pessoas perderam a vida.
No mês de maio foram registradas mais 1.742 mortes pela Covid-19 no território catarinense. No mês de junho foram registradas mais 1.585 mortes pela Covid-19 em Santa Catarina e em julho foram registrados mais 1.117 óbitos.
Nesta semana inicial de agosto, até aqui, foram computadas 189 mortes em decorrência do coronavírus.
Queda nos números, mas alerta ligado
É mais ou menos nessa linha que o estudo segue em suas considerações finais. São dois aspectos negativos detalhados na conclusão: o primeiro é o número de novos casos em quase 8,5 mil em uma semana.
O segundo aspecto diz respeito ao número de mortes que, com 189 registros, indica a continuidade dos óbitos em uma condição “elevada” já que configura uma média diária de 27 óbitos.
Ainda conforme o estudo, o patamar elevado de dois indicadores (novos casos e novos óbitos), além do número elevado de casos ativos, alerta para um ritmo acelerado no nível de contágio da população de Santa Catarina.
A reportagem entrou em contato com a SES (Secretaria de Estado de Saúde), em Santa Catarina, mas não obteve o retorno até a publicação da matéria.
Vacina, sim
Em contato com a reportagem, o professor Mattei, já na semana passada, atribuiu a redução de alguns números ao avanço da vacinação. Ele cita, por exemplo, o público mais velho que teve uma redução considerável na “participação” do número de mortes.
“Já está ocorrendo, embora em processo lento, uma redução da taxa de óbitos das pessoas idosas, sobretudo, dos 60 anos ou mais. É importante ressaltar que essa faixa-etária tinha uma participação de 40% no número de óbitos. O efeito da vacinação está presente, mas é lento”, ponderou.
Cuidado precisa ser mantido
Não é só o boletim Necat que aponta para essa queda e estabilização dos números. O último boletim InfoGrupe, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), também informa a estabilização dos números em Santa Catarina.
“Embora alguns indicadores importantes estejam regredindo, ainda temos uma taxa de transmissão viral muito alta. Vejo, portanto, com certa reserva essa melhora e acho que ainda não temos motivos para comemorar”, analisa o epidemiologista Paulo Petry, professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Quem também faz o alerta é o pesquisador em Saúde Pública do PROCC/Fiocruz, Marcelo Gomes. Ele lembra que é preciso ter cautela, ainda que os números aparentem otimismo, é importante ter paciência nesse momento.
Além de citar casos da explosão oriunda da variante Delta, o pesquisador Gomes faz uma espécie de alusão sobre eventos que estão sendo projetados, com maior número de pessoas, já contando com o “término” do vírus.
“Aviso de festa cancelada é sempre pior do que aviso de próxima festa ainda sem data prevista. Isso aqui pra mim, lógico”, escreveu em um perfil pessoal.
Com informações ND Mais