O acusado de matar a professora Vanderléia percorreu cerca de 8.600 km pelo Brasil tentando fugir. José Carlos Gonçalves de Oliveira, de 59 anos, fez esse percurso em apenas 36 horas.
O relacionamento
Vanderléia e José Carlos se conheceram em Caçador. Ele era representante de uma empresa de tecnologias e conheceu Vanderléia durante uma de suas vendas no Presídio Regional de Caçador. Segundo testemunhas, o relacionamento conturbado dos dois havia terminado há cerca de um mês, porém continuavam ameaças através de mensagem em redes sociais e WhatsApp. José Carlos não tinha nenhum Boletim de Ocorrência em seu nome.
O crime
Vaderléia foi morta na noite do dia 16 de maio por volta das 19h.
A Polícia tem provas apontando que o acusado estava em Caçador um dia antes do crime. Ele alugou um Ford Ka em uma empresa de Caçador, mas logo depois do crime tentou trocar o veículo por conta das marcas de sangue.
No dia do desaparecimento José Carlos seguiu a professora até o estacionamento do supermercado onde o carro de Vanderléia foi encontrado. Testemunhas afirmaram que viram um homem agredindo uma mulher em um carro no estacionamento, os quais possivelmente eram Vanderléia e José Carlos.
O acusado usou uma fita para amarrar a professora para que ela não conseguisse sair do veículo, enquanto ele saia de Caçador rumo a Brasília. José Carlos matou a professora alguns quilômetros antes do posto da Polícia Rodoviária de Calmon.
Segundo o delegado Fabiano Locatelli, a possível causa da morte foram facadas no pescoço, rosto e abdômen da professora. Ele ainda atirou com um revólver na cabeça da professora, os quais não perfuraram o crânio. O corpo foi abandonado em uma estrada que liga fazendas, há cerca de 5 km de Calmon.
A fuga
No dia do desaparecimento da professora, familiares pediram para o acusado se sabia do paradeiro de Vanderléia, mas ele negou e disse que estava em Brasília. José Carlos ainda pediu para ser avisado assim que tivessem mais informações.
Quando soube que possivelmente seria o principal suspeito saiu de Brasília, foi de avião para Maceió e logo depois seguiu de ônibus para Natal. A Polícia Civil então levantou suspeitas de que José Carlos estaria tentando fugir do país e cadastrou o mandado de prisão dele no sistema de impedidos e procurados da Polícia Federal. Um alerta vermelho da Interpol também foi acionado para impedir a fuga do acusado.
De Natal ele seguiu para Porto Alegre e logo depois voltou para sua casa em Brasília. Lá ele ficou durante dois dias até sua prisão ser feita na noite de terça-feira, 24. Durante os dois dias ele não saiu de casa e também não acendia luz, já com suspeita de estar sendo investigado. A equipe da Polícia Civil ficou em campana em frente a casa de José Carlos, em Brasília, durante dois dias, até a sua prisão.
Na veículo de José Carlos foi encontrada uma fita com manchas de sangue, que batia com a fita encontrada ao lado do corpo de Vanderléia.
A investigação
A informação do desaparecimento de Vanderléia foi dada apenas no dia 17 por volta das 12h, quando as investigações da Polícia Civil iniciaram. Um dia após o crime o suspeito já estava com mandado de prisão temporária em aberto e tendo todos os seus passos monitorados pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Eduardo Mattos, a demora para realizar a prisão de José Carlos foi por falta de provas materiais contra o suspeito. A Polícia soube que antes de vir para Caçador, José Carlos comprou um revólver calibre 32 em São Paulo, que batem com as balas e projétil encontrados próximo ao corpo da professora.
No dia da prisão, em seu primeiro depoimento, o homem negou ter cometido o crime e disse que esteve em Caçador há cerca de um mês atrás. Porém, logo depois de apresentadas as provas, o acusado confessou o crime na presença de seu advogado.
Em seu depoimento ele contou ter jogado o revólver em um rio em Minas Gerais e que não estaria mais com o canivete usado no crime. Ele também afirmou não saber onde deixou os pertences da vítima.
Para a polícia o suspeito teria deixado os objetos da vítima em diversas cidades da região para despistar. Segundo o delegado Eduardo Mattos, o acusado contou que ficou perturbado após o crime e não soube explicar o que aconteceu nas horas após a morte de Vanderléia. Ele chorou durante o seu depoimento e mostrou arrependimento pelo crime.
O término do relacionamento, há cerca de um mês, teria sido o motivo do crime. José Carlos contou que alugou apartamento em Caçador e iria morar na cidade, mas mesmo assim a professora não queria mais continuar com o relacionamento.
José Carlos está preso em Brasília. Ele será indiciado por homicídio duplamente qualificado premeditado, feminicídio e porte de arma.