Ao se considerar os estilos no campo da arte, é possível observar que a atividade artística se condensa em formas essenciais, dotadas de um dinamismo próprio, desenrolando seu curso temporal efetivo, com um segundo processo histórico, que intercepta as linhas da história social e cultural, sem com elas se confundir.
O desenvolvimento das artes plásticas (escultura, arquitetura, pintura) estaria regido por determinadas categorias estilísticas, correspondentes a certos modos definidos de visão artística, comuns, num período que se recorta no tempo específico desse desenvolvimento, à pintura, à escultura e à arquitetura.
Assim, de acordo com Nunes (2003), em um determinado período as artes plásticas, por exemplo, refletem categorias visuais comuns que informam um tipo de visão artística.
O desenvolvimento das artes processa-se como uma alternância entre categorias visuais, conforme a passagem de uma outra modalidade de visão.
Em suma, emergindo da vida histórica, as formas artísticas têm uma natureza dúplice: são temporais e intemporais.
O estilo gótico, à guisa de exemplo, é inatural em relação à época atual. O mundo social e histórico que o gerou, com a concepção religiosa que o definiu espiritualmente, não mais existe.
Todavia, esse mundo perdido pode atualizar-se na experiência estética – que transcorre no presente e que não é um retorno ao passado, ao se contemplar um exemplar autêntico, representativo desse estilo.
Com isso, percebe-se que, contendo um duplo status, atual e inatual, as formas que dependem do tempo, libertam-se dele; surgem da história, mas a transcendem, pois, como obras de arte, criadas individualmente, existem no plano intersubjetivo das consciências que as descobrem e valorizam, renovando o seu sentido e sustentando a sua autonomia intemporal.
O entendimento dessa dupla temporalidade da arte requer uma educação voltada para a compreensão de sua importância no desenvolvimento da história.
A alfabetização não se obtém por meio da simples atividade de junção das letras pelas crianças. Segundo Barbosa (2002), há uma alfabetização cultural sem a qual a letra pouco significa. É a leitura social, cultural e estética do meio ambiente que é responsável por atribuir sentido ao mundo da leitura verbal.