A função da arte veio sendo modificada ao longo da história humana desde sua origem, visto que o homem vai adequando à arte as mudanças que ocorrem na sociedade, na sua religiosidade, nos seus costumes, no seu modo de fazer política e de conceber a ética. A arte sempre teve, desde o início da humanidade, um papel essencial na busca humana de fazer de seu espaço algo significativo.
Por conseguinte, a arte sempre teve um papel realizador na compreensão do universo, na relação dialética com a realidade, com os fenômenos e com a sua imaginação lúdica. O homem sempre teve necessidade de alguma forma de arte. Ela está extremamente ligada a sua humanidade. A arte está completamente impregnada do universo humano.
Entretanto, definir o que é a arte é algo complexo. Conforme Coli (2003), um grande número de tratados de estética tentou situar a problemática, buscando definir um conceito, porém é impossível obter uma resposta clara e objetiva. Elas são divergentes, contraditórias, além de comumente se pretenderem exclusivas, propondo-se como solução única.
Conquanto, malgrado não se possuir uma definição clara do que seja a arte, os indivíduos são capazes de reconhecer algumas produções da cultura em que se vive como sendo “arte”. No entanto, esse reconhecimento requer a educação voltada para o estudo das características culturais dos grupos e de suas manifestações artísticas que muito dizem acerca dessas características.
A arte pode ser entendida, sustenta Coli (2003), como sendo determinadas manifestações da atividade humana diante das quais os observadores manifestam um sentimento de admiração, ou seja, a cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia.
Destarte, entrementes em que não há uma definição exata do que é a arte, de modo geral, tem-se conhecimento de quais coisas correspondem à idéia de arte e como se deve comportar-se diante delas.
Entretanto, entrando mais a fundo na questão do que corresponde ou não a arte, novamente emerge uma problemática.
Ao se tomar, à guisa de exemplo, o Davi de Michelangelo, todos podem concordar que aquilo é arte, mas ao abrir o livro do consagrado artista Marcel Duchamp, e ver a imagem de um aparelho sanitário de louça, absolutamente idêntico aos que existem em todos os mictórios masculinos do mundo inteiro, percebe-se que tal objeto não corresponde exatamente à idéia de que os indivíduos têm acerca da arte.
Conforme Coli (2003), isso evidencia que se a arte é noção sólida e privilegiada, ela possui também limites imprecisos, dificultando o reconhecimento do que é ou não é arte.
Contudo, se não é possível encontrar critérios a partir do interior mesmo da noção de obra de arte, quiçá se possa descobri-los fora dela.