O jogo da Baleia Azul, que lança 50 desafios que o participante deve seguir até chegar ao suicídio, está deixando os pais mais atentos ao comportamento dos filhos. Prova disso foram dois pais – um de Ipuaçu e outro de Xanxerê – que, percebendo lesões no corpo de suas filhas, procuraram a polícia para denunciar o fato e buscar ajuda psicológica para as adolescentes. Os dois casos foram registrados na Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Xanxerê.
De acordo com o delegado responsável pela DPCAMI, Icaro Freitas Malveira, já foram instaurados inquéritos policiais e a investigação ainda está na fase inicial. As vítimas e seus responsáveis foram ouvidos e recolhidas as mensagens encaminhadas pelos mentores do jogo para as adolescentes por meio do WhatsApp.
“Ambos os casos chegaram ao nosso conhecimento através de familiares, sendo que em um caso foi o pai que trouxe a filha e, no outro, foi a mãe. Encaminhamos as duas vítimas para exames de corpo delito porque elas já estavam em uma fase relativamente avançada e já possuíam escoriações pelo corpo. Assim que os laudos do IGP chegarem, vamos passar para a fase de descobrir quem são os autores desse delito, que é a parte mais difícil nesses casos porque, normalmente, eles são de outros estados”, explica o delegado.
De acordo com Icaro, foi identificado que o “mentor” do jogo de um dos casos é a da região Centro-Oeste do Brasil e uma das adolescentes já havia até escrito a carta de despedida, um dos últimos passos do desafio. Em função do crescimento do número de casos em Santa Catarina, a Delegacia Geral do Estado está coletando dados das 30 regiões do Estado para realizar um combate mais efetivo do crime.
“Assim, esse infrator pode responder por vários delitos, como participação, induzimento, auxílio e instigação ao suicídio no caso de a vítima ficar com a lesão corporal de natureza grave ou vir a óbito. Além disso, pode até responder por homicídio se tiver relação direta coma vítima, mas tudo sempre vai depender da investigação e de verificar se a vítima tinha condições ou não de entender o que estava fazendo, para saber se foi influenciada ao ponto de cometer as mutilações”, afirma.
A intenção do delegado é de que, até o fim desse mês, se concluam os procedimentos desses dois casos. Porém, ele destaca que a vigilância dos pais em relação às redes sociais e ao comportamento dos filhos é fundamental para evitar que o jogo chegue até as últimas consequências.
“Se os pais ficarem atentos ao que os filhos estão acessando, com quem eles estão se comunicando, é possível evitar um mal maior. Agora essas adolescentes estão recebendo acompanhamento psicológico aqui na DPCAMI e também da universidade aqui do município. Então se os pais perceberem qualquer anormalidade, devem procurar a delegacia e registrar a ocorrência para que a polícia possa tomar conhecimento do caso e investigar”, finaliza.
Profissional acompanha os casos
A psicóloga Márcia Regina Tosatti Simon acompanha os casos das adolescentes vítimas do jogo Baleia Azul. Em entrevista a RICTV Record, a profissional relata um dos fatos em que a denúncia chegou até seu conhecimento depois que uma pessoa a procurou. A partir disso, a mãe da adolescente foi contatada e informou que a filha havia contado o que tinha acontecido.
“Através de uma denúncia na unidade de saúde, que recebemos na terça-feira, dia 11 de abril, da preocupação de uma pessoa que soube do caso. A partir disso resolvemos entrar em contato com a mãe da adolescente, prontamente ela foi à unidade de saúde e nos relatou que, naquela noite, a filha tinha lhe contado que era uma vítima desse jogo”, relatou a psicóloga.
Segundo ela, a menina estava em pânico porque o mentor do jogo a estava manipulando muito e fazendo torturas psicológicas e ela já estava na terceira ou quarta fase, que seria de desenhar a baleia no antebraço.
“Quando a gente trouxe ela até na delegacia, a gente explicou a ela que esse curador não tem acesso a ela, que ele está muito longe, que a intenção dele é tirar a vida dela e que ele estaria fazendo de tudo para que isso acontecesse. Eles têm um poder de persuasão muito grande sobre o adolescente. Têm acesso à vida do adolescente através da página no Facebook ou das redes sociais, ele tem acesso a todas as informações, porque o adolescente é inocente e lá ele posta tudo sobre a sua vida, inclusive esse curador conseguiu o telefone dessa adolescente na página do Facebook dela e foi ali que ele entrou em contato com a vítima”, explicou Márcia.
Márcia orienta que todos evitem postar informações íntimas da família nas redes sociais como telefone, nome das pessoas que residem na casa, endereço, etc.
“Que os pais tenham uma atitude de amor com seus filhos e procurem ter conhecimento sobre esse jogo e dialoguem com seus filhos, mostrando o perigo disso. E também verifiquem os horários que seus filhos estão entrando na internet”, concluiu.
Com informações de Tudo Sobre Xanxerê