O preço da carne bovina deve cair no Brasil. A suspensão da compra do produto por países estrangeiros forçará produtores que têm gado confinado e pronto para o abate a aumentarem a oferta para os frigoríficos nacionais.
“Num primeiro momento, é o que vai ocorrer, não tem jeito”, diz Ricardo Merola, fundador e ex-presidente da Assocon, a associação nacional dos confinadores de gado. Ele acredita, no entanto, que o fenômeno não deve durar muito. “A sorte é que há pouco gado confinado hoje no Brasil”, afirma.
Os animais confinados ganham 1,8 kg por dia e, em cem dias, estão prontos para o abate. Já os que estão no pasto demoram em torno de 24 meses para chegar ao peso ideal. E poderão permanecer mais tempo no campo, esperando que a crise seja superada.
A dúvida é se os frigoríficos brasileiros, que devem ser beneficiados com a queda de preço num primeiro momento, repassarão a baixa aos supermercados.
Já o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Antônio Jorge Camardelli, acredita que não há espaço para redução de preços via aumento de oferta devido à queda do consumo de carne nos últimos dois anos no Brasil. “O ano de 2015 foi fatídico e 2016 também foi complicado”, afirma.
No caso da carne de aves, o raciocínio é o mesmo. Segundo Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), “não tem espaço na recessão para aumentar o consumo interno”.
As três lideranças dizem acreditar, porém, que o fluxo de exportação será retomado com os esclarecimentos que estão sendo prestados pelo Brasil ao mundo.