Assim que os corpos de vítimas do acidente com o avião da Chapecoense chegaram a Chapecó eles saíram em cortejo pela cidade até a Arena Condá, onde serão velados.
São quatro carretas, cada uma delas transporta entre 12 e 13 urnas funerárias.
Para quem esperava uma festa, preparar o velório foi um desafio.
“A gente estava vivendo aquela emoção de levantar o time, não de carregar o time. Ainda mais em tal circunstância. Quem sabe carregá-los no ombro como campeões vivos, não preparar o cortejo deles”, disse Eribaldo Júnior, funcionário de empresa de comunicação.
“Todo mundo está sofrendo, está difícil para todo mundo, mas o importante agora é deixar bem organizado e bonito para eles chegarem. É a nossa última despedida para eles com estilo, vamos dizer assim. Um pouco mais bonito”, afirmou Juliano da Costa e Silva, funcionário de uma empresa de transporte.
Do aeroporto, o cortejo vai percorrer cerca de nove quilômetros por um trajeto com poucas curvas, por causa do tamanho das carretas, até a Arena Condá. O percurso deve durar cerca de duas horas.
Assim que os caminhões chegarem ao estádio, os caixões vão ser perfilados debaixo de uma tenda, todos voltados para o gramado. E debaixo de outra tenda vão ficar os parentes das vítimas. Inicialmente, as famílias vão ter um tempo exclusivo de cerca de 45 minutos. Depois 2.500 convidados das famílias vão poder se aproximar dos caixões e fazer uma rápida homenagem. A ideia é que o velório não passe de duas horas.
O público vai ficar nas arquibancadas. Mas assim que atingir a lotação de 20 mil pessoas, ninguém mais poderá entrar no estádio.
“Os portões serão fechados e as pessoas ficarão na parte externa acompanhando pelos telões que serão disponibilizados”, explicou o coronel Luiz Carlos Balsan, do Corpo de Bombeiros.Aos poucos, o campo foi decorado com todo tipo de homenagens. Seiscentos oficiais militares e 500 policiais deverão fazer a segurança no velório. Mesmo experientes, os comandantes da Polícia Militar estavam abalados.
“É dificultoso, por outro lado, estar convivendo esse momento aqui nesse local, onde só nós tínhamos alegria”, disse, emocionado, o comandante-geral da PM de Santa Catarina, coronel Paulo Henrique Hemm.
Ainda sem acreditar, moradores e torcedores permaneceram com os olhos perdidos para o gramado. No sábado (3) a partida será outra. Nada de gol, nada de festa. Será um adeus comovente.
Já começaram a chegar no gramado da Arena Condá coroas de flores, homenagens de vários lugares, e moradores e torcedores já começam a ocupar uma parte das arquibancadas. Eles vão tentar ficar até sábado para garantir o lugar, mas todos vão ter que sair. O estádio será fechado logo mais e será reaberto no sábado às 7h.
Depois da cerimônia do velório, cada família vai levar seu parente para ser enterrado onde bem entender. A Chapecoense vai colocar à disposição de todas as famílias carros funerários. Os que forem de outros estados, a FAB já informou que vai fazer os traslados, havendo o pedido das famílias. Já há pedidos para São Paulo e para o Rio de Janeiro.