Em teste de qualidade realizado pela Proteste, cinco marcas de protetor solar para o rosto apresentaram fator de proteção inferior ao indicado na embalagem. Dos dez produtos testados, um também apresentou menor proteção contra raios UVA do que prevê a legislação. A Proteste solicitou uma fiscalização mais adequada dos produtos e pediu aos fabricantes que corrijam a informação nos rótulos dos protetores solares.
Das dez marcas testadas, cinco não apresentaram o fator de proteção solar (FPS) que consta no rótulo: Sundown, L’Oreal, ROC, Sunmax e La Roche Posay. O La Roche Posay tinha um FPS 42% menor do que o indicado. A metodologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite uma variação de até 17% em relação ao que é informado na embalagem e a formulação do produto, mas nessas cinco marcas, a diferença de percentual foi superior à permitida.
Também foi avaliada a proteção UVA dos produtos. Desde 2012 a legislação brasileira determina que, nos filtros solares, a proteção UVA deve ser um terço do FPS. Ou seja: um protetor com FPS 60 precisa ter proteção UVA igual a 20, no mínimo. O protetor da L’Oreal foi considerado ruim por apresentar 26% do FPS rotulado ao invés dos 33% exigidos para UVA.
Os raios UVA atingem as camadas mais profundas da pele e são os principais responsáveis pelo envelhecimento precoce, bronzeamento, além de também contribuírem para o câncer de pele. Já o FPS avalia a capacidade de os produtos filtrarem a radiação do tipo UVB, que atinge a camada mais superficial da pele, podendo causar vermelhidão, queimaduras e câncer de pele.
O valor de FPS consiste na razão entre o tempo de exposição à radiação ultravioleta necessário para produzir vermelhidão na pele protegida pelo protetor solar e o tempo, para o mesmo efeito, com a pele desprotegida. Quando se usa um filtro solar com FPS 30, por exemplo, a mesma pele leva 30 vezes mais tempo para ficar vermelha. Por isso, saber o exato fator de proteção é fundamental, pois indica o quanto se está protegido contra essa radiação.
O consumidor é duplamente prejudicado com essas alterações, pois além de pagar um preço mais caro por uma proteção que não é oferecida – o valor do produto é proporcional ao Fator de Proteção Solar, ou seja, quanto mais alto o FPS, mais caro -, ele está menos protegido dos efeitos nocivos dos raios solares.
Essa foi a quarta vez que a Proteste testou protetores solares. Embora agora tenha sido analisada a versão para o rosto, os resultados mostraram que o problema de discrepância entre o indicado nos rótulos e a real proteção oferecida persiste. Diante disso, a organização solicitou uma fiscalização mais adequada dos produtos, pediu as fabricantes dos produtos que não passaram no teste que corrijam a informação nos rótulos e que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) obrigue os fabricantes a fazer um recall desses protetores.
O uso diário do protetor solar protege contra o envelhecimento precoce da pele, colabora para a prevenção de manchas e marcas de expressão causadas pela exposição excessiva ao sol, e problemas de problemas mais sérios como o câncer de pele, que corresponde a 30% dos tumores malignos registrados no Brasil.