A possibilidade de simulação possibilitou, pela primeira vez na psicologia, um diálogo entre teoria e prática. Pelo uso de simuladores, teorias podem ser testadas, suas previsões verificadas e eventuais desvios traduzidos em refinamentos sucessivos, característica, até então, das ciências tecnológicas.
A análise do funcionamento cognitivo, em verdade, só pode tomar esta forma quando se chega a um nível suficiente de refinamento e precisão. Esta etapa apenas é atingida para um número ainda muito limitado de situações, mas, no futuro, o indivíduo deve ter progressos importantes neste domínio.
A modelagem cognitiva pode apenas se desenvolver sob duas condições: necessita dispor de formalismos adequados; precisa ter explicitada a descrição dos processos psicológicos em um nível de precisão suficiente para que esta descrição seja completa e que não tenha nada mais a acrescentar para que ela produza comportamentos simulados, que a pessoa possa comparar aos comportamentos observados.
É, sem dúvida, a segunda condição que é a mais restritiva. Com efeito, as linguagens computacionais permitem exprimir os raciocínios não formais, descrever os conhecimentos e representar as aprendizagens.
Os métodos computacionais de tratamento da informação simbólica têm, incontestavelmente, permitido um progresso decisivo na modelagem cognitiva.
Segundo Richard e Le Ny, os modelos de tratamento da informação não são, diferentemente dos modelos matemáticos, puramente formais (FIALHO, 2001).
Pode-se introduzir, dentro destes formalismos, uma semântica que permita exprimir conceitos psicológicos e traduzir, de maneira bastante direta, a idéia que se faz do funcionamento cognitivo dentro de uma situação dada, para um tipo de indivíduo dado.
Modelos computacionais parecem bem mais adequados para descrever processos do que modelos matemáticos.
Os sistemas de produção, a expressão dos conhecimentos sob a forma de esquemas, as redes semânticas, são exemplos destes novos formalismos elaborados pelos profissionais da computação, muitas vezes em colaboração com os psicólogos, que são ferramentas muito ricas na modelagem de processos.
Preleciona Fialho (2001) que isto não significa que se deve subestimar a importância dos modelos matemáticos, que representam um papel importante em psicologia, notadamente nos domínios da percepção, do tempo de reação e do julgamento.
Deve-se reconhecer, no entanto, que estes modelos são pouco adaptados para exprimir conteúdos de representação.
Uma outra categoria de modelos se desenvolve atualmente: são os modelos conexionistas, que são potencialmente interessantes para representar mecanismos nos quais o funcionamento é automático, ou seja, aqueles que não dependem dos objetivos e, por conseguinte, das representações do indivíduo. Estes modelos foram utilizados para modelar fenômenos de identificação perceptiva ou a construção de protótipos em memória (FIALHO, 2001).
Uma proposta mais recente é a psicológica, desenvolvida por Smedslund e desenvolvida por Jaksholy para a formalização dos conhecimentos relativos à cognição.
As habilidades são pouco sensíveis às constrições do meio e permitem reações rápidas, podendo se desenrolar paralelamente com outras atividades. Podem, certamente, originar uma que seja resposta inadequada ao estado do sistema.
As condutas fundamentais em regras são seqüências de ações controladas por normas memorizadas através da aprendizagem. Contrariamente às anteriores, essas condutas supõem uma execução e, uma coordenação das mesmas, pois correspondem a situações familiares, mas que tem um certo grau de variabilidade.
A interpretação destas condutas modifica segundo os autores. Para alguns, o controle da seqüência da ação é automático e inconsciente, por parte do operador, a interiorização de procedimentos complexos. Para outros o operador é susceptível de verbalizar estes tipos de condutas, o que permitirá uma explicitação das regras, ou seja, ele tem consciência do que faz.
De acordo com Fialho (2001) as condutas fundamentais nos conhecimentos aparecem nas situações novas pelas quais não existem regras pré-construídas.
A modelagem estatística repousa sobre a opção metodológica segundo a qual o nível de análise pertinente é de um agrupamento dos dados feito conforme critérios escolhidos para sua pertinência frente aos processos a serem descritos.
Os modelos desenvolvidos são modelos matemáticos que geralmente fazem intervir parâmetros.
Os dados utilizados para estimar os parâmetros e para testar o modelo são estatísticas calculadas, freqüentemente, sobre grupos de indivíduos, o que supõe que as diferenças entre esses não sejam pertinentes.
Destarte, quando as estatísticas são calculadas sobre os dados de um mesmo indivíduo, opera-se o reagrupamento das observações que intervieram em vários momentos do tempo. Isto equivale a supor que a ordem temporal não é pertinente.