Em outras ocasiões, entretanto, a criança é presenteada com informação que não se adapta aos seus esquemas existentes, de modo que surge o desequilíbrio cognitivo.
Em outros termos, ocorre um desequilíbrio quando os esquemas existentes na criança são inadequados para os novos desafios que a mesma enfrenta.
Ela, consequentemente, tenta restaurar o equilíbrio pela assimilação – incorporação da nova informação aos esquemas existentes na criança. Em conjunto, os processos de assimilação e de acomodação resultam num nível mais sofisticado de pensamento do que era possível previamente.
Ademais disso, esses processos resultam no restabelecimento do equilíbrio, oferecendo, desse modo, à pessoa níveis superiores de adaptabilidade.
À luz do magistério de Piaget, os processos equilibradores da assimilação e da acomodação são responsáveis por todas as mudanças associadas ao desenvolvimento cognitivo.
Na sua concepção, é mais provável que o desequilíbrio ocorra durante os períodos de transição entre estágios (STERNBERG, 2000).
Malgrado Piaget ter postulado que os processos equilibradores continuam por toda a infância, à medida que as crianças adaptam-se continuamente ao seu ambiente, ele também considerou que o desenvolvimento envolve estágios distintos, descontínuos.
Particularmente, Piaget dividiu o desenvolvimento cognitivo em quatro estágios principais: os estágios sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.
O primeiro estágio de desenvolvimento, o estágio sensório-motor, envolve aumentos no número e na complexidade de capacidade sensoriais e motoras durante a infância. Ao longo das primeiras fases do desenvolvimento cognitivo sensório-motor, a cognição infantil parece focalizar-se apenas no que eles podem perceber imediatamente, pelos seus sentidos. No estágio pré-operatório a criança começa a desenvolver ativamente as representações mentais internas, que se iniciaram no fim do estágio sensório-motor.
O aparecimento do pensamento representativo, durante o estágio pré-operatório, abre o caminho para o desenvolvimento subseqüente do pensamento lógico, durante o estágio de operações concretas.
Com o pensamento representativo, chega a comunicação verbal. Entretanto, a comunicação é amplamente egocêntrica. Uma conversação pode parecer sem qualquer coerência.
A criança diz o que está em sua mente, sem considerar muito o que a outra pessoa disse. À medida que as crianças se desenvolvem, no entanto, levam cada vez mais em consideração o que os outros disseram, quando criam seus próprios comentários e respostas.
Já no estágio de operações concretas as crianças tornam-se capazes de manipular mentalmente as representações internas que formaram, durante o período pré-operatório.
Em outras palavras, elas agora não só têm idéias e memórias dos objetos, mas também podem realizar operações mentais com essas idéias e memórias. Entretanto, podem agir assim apenas quanto a objetos concretos.
Por fim, o estágio operatório formal envolve operações mentais sobre abstrações e símbolos que podem não ter formas concretas ou físicas.
Ademais, as crianças começam a compreender algumas coisas que elas mesmas não tinham experimentado diretamente.
Durante o estágio de operações concretas, elas começam a ser capazes de ver a perspectiva dos outros, se a perspectiva alternativa pode ser manipulada concretamente.
Dessarte, Piaget contribuiu imensamente para a compreensão do desenvolvimento cognitivo. A obra de Piaget teve e continua a ter grande impacto sobre a psicologia.
Sua principal contribuição está em que ele estimula as pessoas a considerar as crianças sob uma nova perspectiva e a ponderar o modo como elas pensam (STERNBERG, 2000).
Todas as perspectivas precedentes relacionadas com o desenvolvimento cognitivo são influentes. Elas não são mutuamente exclusivas.
Algumas foram perseguidas simultaneamente, algumas evoluíram como reações a outras e algumas são ramificações de outras.
Ainda outra concepção do desenvolvimento cognitivo considera o desenvolvimento fisiológico do cérebro e do aparato neural.
À luz da Epistemologia Genética, o desenvolvimento cognitivo centraliza-se em adaptações progressivamente complexas ao ambiente, baseadas principalmente em mudanças decorrentes da maturação fisiológica.
Mais especificamente, o desenvolvimento cognitivo ocorre em grande parte por meio de dois processos de equilibração: assimilação e acomodação (STERNBERG, 2000).
À medida que as crianças se desenvolvem tornam-se menos egocêntricas, ou seja, menos concentradas em si mesmas e mais capazes de perceber as coisas a partir da perspectiva dos outros.
Elas também ficam mais capazes de descentrar-se de um aspecto perspectivamente notável de um objeto ou um conceito, para considerarem aspectos múltiplos.
Em geral, parecem progressivamente capazes de considerar a informação, senão a que é imediatamente aparente através de seus sentidos, observável inicialmente com clareza no alcance da permanência do objeto, mas a que é aparente mais tarde, em outros desenvolvimentos cognitivos também.