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Das ciências da cognição à ciência cognitiva III

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Nada atrapalhou mais o desenvolvimento das Ciências do que a hesitação em tratar o humano como objeto heurístico. Aqueles que quiseram preservar o ser humano de uma abordagem científica tornaram as Ciências Humanas estéreis.

Inicialmente, a Ciência Cognitiva surge como alternativa intermediária entre tendências introspeccionistas e o behaviorismo. Se existe vida entre inputs e outputs recebidos por um organismo, esta vida pode ser modelada na forma de um programa de computador.

 Esta foi a motivação inicial da Ciência Cognitiva, que logo percebeu que teria de se firmar como uma ciência interdisciplinar, lançando mão dos recursos da Psicologia, da Lingüística, da Computação e da Neurociência.

Os primórdios desta nova Ciência foram marcados pelo discurso mistificador acerca dos cérebros eletrônicos e debates filosóficos pueris acerca do que computadores podem ou não fazer. A própria ciência cognitiva teve suas disputas paradigmáticas internas ou diferentes escolas que se propunham a modelar a vida mental seja através da simulação da mente, seja através da simulação do cérebro.

Nos últimos anos, a Ciência Cognitiva recupera, cada vez mais, a robótica, à medida que cresce a percepção de que a replicação de mentes encarnadas, isto é, inteligências dotadas de um corpo que atue em um ambiente real.

Se entendida como ciência da simulação, dispõem, à guisa de ponto de partida, da construção de sistemas computacionais que instanciam as condições de possibilidade de algum tipo de vida mental que se assemelhe àquela dos seres humanos.

Neste sentido, a ciência cognitiva é uma investigação a priori, mas é, ao mesmo tempo, uma enorme tarefa de engenharia que pressupõe e estabelece a testabilidade de seus modelos, aproximando-se desta maneira das disciplinas empírico-formais (TEIXEIRA, 2004).

A grande dificuldade enfrentada pela Ciência Cognitiva consiste em identificar os invariantes organizacionais daquilo que se chama mente. Tal Ciência, ainda, pode se devotar à construção de andróides simuladores da vida mental humana; andróides que, embora ainda não reproduzam invariantes organizacionais da mente, são essencialmente modelos possíveis do funcionamento mental.

O fim da inteligência artificial ou do chamado paradigma simbólico exige que a Ciência Cognitiva faça novas alianças heurísticas.

De outro vértice, se se aferir o desenvolvimento da Ciência Cognitiva, nas últimas décadas, com a Filosofia possivelmente se chegará a um estranho cenário: se, de um lado, a Ciência Cognitiva tentou se consolidar fundamentando-se na noção de representação, a Filosofia efetuou percurso inverso.

Esta tentou, de seu lado, desmantelar a noção de representação e evitar o mentalismo nas suas concepções sobre o conhecimento.

Em fecunda aliança da Filosofia, a Ciência Cognitiva procurou encontrar seus fundamentos e ferramentas conceituais: definições de conhecimento, representação, inferência, entre outros.

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