Marido-secretário na Câmara
O que o marido-secretário da secretária de Saúde, Rejane Serafini, disse na sessão desta terça-feira, 10, da Câmara Municipal, piorou ainda mais a situação da gestão da Saúde em Caçador.
Aliás, Adriano de Souza pareceu falar para leigos que pouco entendem a respeito de administração pública. Pior, por várias vezes desafiou dizendo que se acaso a Justiça entender que ele está agindo errado quando se passa por servidor público, que lhe avisem que então ele se retira.
Boa parte dos vereadores e dos presentes não acreditava que estava ouvindo aquilo. Um cidadão, que é apenas marido da secretária e nada mais do que qualquer outro cidadão comum, se acha no direito de ir a postos de saúde, ao Pronto Atendimento, a reuniões da Secretaria de Saúde, dar palpites, ordens, e ainda falar isso da tribuna da Câmara como se fosse uma coisa normal.
Chegou a dizer que qualquer marido ajuda a esposa quando ela precisa e que ele está fazendo isso, tratando dos problemas dos servidores porque ela não pode estar em todos os postos e locais de atendimento.
Mas, então é simples: a esposa dele que peça exoneração e que ele se indique ao cargo, já que desprende de tanta competência. Aí sim, não haverá uso indevido de função.
Marido-secretário na Câmara 1
Adriano de Souza se achou no direito de vangloriar feitos que, segundo ele, foram realizados graças a ele. A vinda dos médicos para o Pronto Atendimento foi um deles. Agora, o que mais indignou qualquer um foi ouvir a declaração de que o Maicé só não fechou porque dois médicos foram contratados por ele. Quanta mediocridade nestas palavras, caro Adriano. Pouco ou nada sabe você a respeito do que tem sido feito para recuperar o Maicé, com um Conselho Consultivo formado por várias entidades, o qual nem ao menos você e, poucas vezes, a sua esposa, participam.
Marido-secretário na Câmara 2
Expressões como: agradeço, deixou a Secretaria à disposição, estamos fazendo um trabalho a contento da população, na nossa administração, fizeram parte do discurso vazio e que comprovaram mais uma vez que o secretário, de fato, é o marido da secretária e não ela, mas nem ao menos servidor público ele é.
O vereador Carlão, dentre diversas declarações, afirmou que recebeu fotos de Adriano dirigindo carros da Secretaria de Saúde, mas que isso nem era preciso. “Eu vi”, disse.
Marido-secretário na Câmara 3
Mais uma afronta de Adriano para com os vereadores foi quando Moacir D’Agostini falou que solicitou atas para a Secretaria de Saúde através de requerimento e que as que foram entregues eram inelegíveis e que a principal não foi entregue.
“A secretária não mandou esta ata porque o senhor já tinha. Essa ata saiu da Secretaria de Saúde e estava aqui na Câmara de Vereadores sem ordem da secretária ou departamento de lá”, debochou Adriano.
Nesta ata, consta que Adriano é secretário privativo do dr. Nadir e que iria passar nos postos de Saúde para visita e avaliação e melhoria dos trabalhos da equipe.
Marido-secretário na Câmara 4
O vereador Valmor emendou: “Não podemos admitir que este tipo de atitude se instale dentro do poder público. Temos 80 mil habitantes em Caçador e não podemos permitir que cada um queira se instalar dentro de uma Secretaria para executar os serviços da maneira como bem entende. Se assim for, vamos criar uma enorme bagunça. Lamento e posso dizer que o senhor Adriano está no lugar errado, na hora errada e falando de coisas erradas”.
“Fui eleita para fiscalizar e é isso que vamos fazer, queira o senhor ou a sua esposa”, disparou a vereador Glaci Pereira.
Marido-secretário na Câmara 5
A situação começou a piorar ainda mais depois de requerimento do vereador Carlão solicitando qual é a função desempenhada pelo médico Nadir Bica, já que para os cargos de diretor técnico dos médicos ou gerente de todos os setores. “Fizemos uma pesquisa no Diário Oficial e não encontramos nenhuma atribuição ao cargo. Na administração pública não podemos ter apelidos de trabalho e por isso estou pedindo para que seja oficialmente repassado isso para nós”, disse Carlão, olhando para o médico, que estava na plateia.
Marido-secretário na Câmara 6
No caso, se nem Nadir Bica está lotado para o cargo que exerce e nem Adriano de Souza é funcionário público e os dois estão atuando dentro da Secretaria de Saúde, o caos já está operando?
Marido-secretário na Câmara 7
O fato é que Adriano de Souza não é servidor público. Mas, mesmo após várias denúncias, continua agindo como tal. Hoje mesmo, as tradicionais Fontes do Além trouxeram informações de que o próprio Adriano está coagindo servidores e dando ordens dentro da Secretaria.
As demissões de Luzia Michelina, que ficou no cargo de secretária enquanto Rejane Serafini estava de licença maternidade, e de Graziela Gallina, teriam sido arquitetadas e ordenadas por Adriano. Os motivos seriam políticos, já que Adriano via a possibilidade da demissão de sua esposa e a sombra tanto de Luzia quanto de Graziela para ficarem no cargo. Demitindo as duas, ele eliminou as possibilidades de troca.
Marido-secretário na Câmara 7
Agora, um dos pontos que pode render problemas para a Secretaria de Saúde é quanto ao transporte de pacientes para outros municípios. Carlão citou alguns casos que ele considera graves indícios de malversação e desvio de dinheiro público.
“Em determinado dia 4 vans da empresa Schumacher Tur foram para Xanxerê, duas diretamente e duas por Joaçaba, levando 12 pacientes ao todo, cujos veículos tinham capacidade de transportar 26 pacientes cada um. Em outro caso, duas vans de 26 lugares da mesma empresa foram para Curitiba no mesmo dia e horário para trazer apenas um paciente que tinha ganhado alta. Esse transporte poderia ter sido feito com um carro da municipalidade ou mesmo com outra van, mais barata e menor da empresa Reunidas, que também venceu a licitação”, disse.
Carlão ainda garantiu que vai aguardar as respostas dos requerimentos até o final desta semana. “Caso não obtenha, vou impetrar em juízo este pleito para que esta Casa não tenha tolhida a sua função de fiscalização”, completou.
Marido-secretário na Câmara 8
As perguntas da vereadora Cleony Figur, se Adriano é funcionário público, se dirigiu veículos públicos ou se intermediou contratos para a Secretaria de Saúde não foram respondidas por ele.
O que ficou no ar, todos entenderam: os indícios de irregularidades são aparentes e se acentuaram, certamente, com as declarações de Adriano na Câmara Municipal.