A Comarca de Tangará iniciou a fase de instrução e julgamento em processo que apura a prática de crimes de corrupção ativa, passiva e inserção de dados falsos nas plataformas de informações do Sistema Único de Saúde (SUS), na Operação Emergência.
Ao todo, o juiz Flávio Luís Dell’Antônio ouvirá 132 testemunhas, 49 delas de acusação, além de interrogar os 27 réus, entre médicos, empresários, políticos, agentes públicos e pacientes de diversas cidades da região, acusados de participar do esquema de fura-fila.
Na primeira audiência, ocorrida nesta segunda-feira (3), foram ouvidas sete testemunhas. Nesta semana, outras 29 foram intimadas.
Os crimes, conforme denúncia, iniciaram em 2017. A organização criminosa captava tanto pacientes que aguardavam na fila do Sistema de Saúde por uma cirurgia eletiva quanto outros que nem sequer passaram pelo atendimento público, mas tinham interesse em pagar para serem atendidos na frente dos demais.
Os denunciados tinham acesso a informações médicas e dados dos pacientes. Geralmente, essas pessoas estavam em processos de tratamento fora do domicílio (TFD). Elas eram encaminhadas para o setor de emergência dos hospitais nos dias e horários em que os médicos participantes do esquema trabalhavam.
Um dos réus, líder da organização, cuidava de todas as tratativas, desde a obtenção dos documentos nos municípios até o agendamento de horários nos consultórios dos médicos para que os pagamentos indevidos ocorressem. Ele também orientava os pacientes para entrar em cadeira de rodas e não dizer que eram de outros municípios, de forma a burlar as filas do SUS, que tinham centenas de pessoas à espera de procedimentos cirúrgicos.