O relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), da ONU, publicado hoje, o mais importante divulgado desde 2014, mostra de forma inequívoca que o aquecimento global está se desenvolvendo mais rápido do que o esperado e que praticamente tudo é consequência das atividades humanas.
Elevação do nível dos mares, derretimento de calotas polares e outros efeitos do aquecimento global podem ser irreversíveis durante séculos e são “inequivocamente” impulsionados por emissões de gases causadores do efeito estufa da atividade humana, afirma o IPCC.
O relatório estima que o limite de +1,5°C de aquecimento global em relação à era pré-industrial será alcançado em 2030, dez anos antes do previsto, o que produzirá eventos climáticos extremos “sem precedentes”.
O IPCC, organização de 195 governos, chegou ao novo relatório a partir de análises durante três anos de 14 mil estudos científicos com revisões pelos pares. Trata-se da primeira grande avaliação internacional da pesquisa sobre mudanças climáticas desde 2013, no primeiro dos quatro relatórios do IPCC esperados para os próximos 15 meses.
O relatório destaca a responsabilidade humana por ondas recordes de calor, secas, tempestades mais intensas e outros eventos extremos de temperatura vistos pelo mundo nos últimos anos. Ele também detalha melhor estimativas de quão sensível é o clima a níveis crescentes de gás carbônico e outros gases estufas na atmosfera.
“Nesse específico relatório, eu acredito que essa questão de ser indiscutível que as atividades humanas estão causando a mudança do clima e que essa influência humana está tornando os eventos climáticos extremos, como essas ondas de calor, as fortes chuvas, e as secas, mais frequentes, mais duradouros e mais intensos”, disse, em entrevista à GloboNews, Thelma Krug, vice-presidente do IPCC, quando questionada sobre o destaque principal do relatório.
‘Alerta vermelho’
Na avaliação do secretário-geral da ONU, António Guterres, o relatório é um verdadeiro “alerta vermelho” para a humanidade e “deve pôr fim” às energias fósseis.
“Este relatório deve pôr fim ao carvão e às energias fósseis antes que destruam o nosso planeta”, disse Guterres em um comunicado, após a divulgação deste estudo, que alerta para uma aceleração do aquecimento global com consequências “sem precedentes” para a humanidade.
É “um alerta vermelho para a humanidade”, disse Guterres.
O dirigente também reivindicou que não se construam mais usinas térmicas a carvão a partir de 2021 e para limitar novas explorações e a produção de energias fósseis, transferindo suas subvenções às energias renováveis.
“As sirenes de alerta são ensurdecedoras: as emissões de gases de efeito estufa geradas pelas energias fósseis e o desmatamento estão asfixiando o nosso planeta”, acrescentou.
O secretário-geral também pediu aos líderes mundiais que a cúpula do clima COP26 de novembro, em Glasgow (Reino Unido), seja um “sucesso” para levar a uma redução na emissão de gases estufa.
“Se unirmos nossas forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas como o relatório de hoje diz claramente, não há tempo a perder, nem lugar para desculpas”, afirmou.
Com informações UOL