José Tiago Soroka, de 32 anos, apontado pela Polícia Civil do Paraná como serial killer de homossexuais falou pela primeira vez com a imprensa desde a sua prisão. Em entrevista à RIC Record TV nesta terça-feira (1), ao longo de quase 40 minutos, o homem contou detalhes sobre sua vida e seus crimes.
Ele também negou que tivesse planejado as mortes e disse que a motivação não teve relação com a orientação sexual das vítimas.
Sua vida e os crimes
A chegada a Curitiba, no Paraná, aconteceu quando tinha 3 anos. Sua adolescência foi calma, apesar das últimas lembranças de seu pai remeterem a agressões constantes à mãe. A diarista, por não ter casa fixa, mudava-se constantemente e o levava junto.
Seu primeiro emprego foi como empacotador em um supermercado, quando tinha 15 anos. Depois, entrou no quartel. Em seguida, fez um curso de vigilante e conseguiu emprego em uma empresa de transporte de valores. Seu trabalho mais recente foi como chaveiro.
Ao longo da vida, disse ter tido somente relacionamentos heterossexuais, a partir dos quais teve dois filhos, que atualmente têm quatro e nove anos. Soroka afirmou que terminou a relação com a segunda mulher porque ela descobriu alguns de seus crimes e houve uma briga. Um Boletim de Ocorrência foi registrado contra ele por agressão.
“No começo foi bem tranquilo. Eu já tinha envolvimento com alguns delitos, ela descobriu e o relacionamento começou a dar uma boa decaída. Chegou a um certo ponto que nós brigamos e chegamos às vias de fato”, contou.
Sua vida no crime começou após ele ter sido preso por dirigir embriagado e não conseguir mais atuar na profissão que tinha. “Eu trabalhava de vigilante. Um dia fui a um churrasco com uns colegas e levei um colega até a residência dele em Almirante Tamandaré. No meio do caminho, após ter bebido, fui parado pela polícia e preso por dirigir embriagado. Isso implicou para em renovar a carteira”, falou. Ele também foi preso outras vezes, sendo uma delas por usar moeda falsa e outras duas por roubar carros.
Serial killer de homossexuais
As mortes dos homens homossexuais praticadas por ele, não aconteceram de forma premeditada e não tiveram relação com a orientação sexual das vítimas. Soroka, que se define como heterossexual, afirmou não ter preconceito ou curiosidade em se relacionar com homens, mas não quis entrar em detalhes a respeito do assunto.
“Não tenho aversão, não tenho ódio. Para mim, cada um tem a sua opção sexual [sic], e deve ser respeitada”, explicou.
José Tiago ainda disse se identificar com o perfil de sociopata por não sentir culpa após as mortes e alegou que o foco dos encontros era o roubo de objetos da casa das vítimas. Ao ser perguntado sobre seu modo de agir, sinalizou marcar os encontros por aplicativos de relacionamentos após trocar fotos íntimas que não eram dele, mas sim, retiradas da ‘internet’. Com a evolução da conversa em questão de horas, usavam o WhatsApp para agendar a ida até a casa da vítima.
“Eu entrava, nós tínhamos uma breve conversa e, nessa altura eu pedia para [ele] virar de costas. Nisso eu aplicava um ‘mata leão’. A pessoa apagava, voltava e eu conversava. Falava ‘vou levar o que tem na tua casa, não reage que vai ficar tudo bem. Você sai bem e eu saio bem.’ Nessas situações que a pessoa veio a óbito eles reagiram, tentaram bater, tentaram empurrar, falaram que iam chamar a polícia. Nessa hora eu pensei que não ia conseguir me evadir da situação. Então eu acabei apertando um pouco mais e vieram a óbito. Eu não ficava muito tempo. Só resgatava o que tinha interesse e saía”, detalhou.
Ele também contou que percebeu que seria mais fácil achar outras vítimas depois da morte da primeira, em Abelardo Luz, no Oeste de Santa Catarina, no dia 16 de abril.
“Eu estava correndo em uma área de lazer que existe em Santa Catarina e um rapaz me abordou. Ele começou a conversar, colocou algumas intenções dele comigo, nós conversamos e eu expliquei que estava precisando de algum dinheiro. Ele marcou um encontro na residência dele.
Soroka contou ainda como tudo aconteceu na casa da vítima. “Eu fui lá, coloquei meu ponto de vista referente ao que eu estava precisando, ele foi para o quarto e voltou nu. Eu até imaginava que pudesse acontecer isso, mas não daquele jeito. Ele falou querer ter relação sexual e eu falei que não era aquilo que eu queria. Nisso, nós entramos em luta corporal. Eu acabei dando uma gravata nele. Eu estava precisando do dinheiro realmente e expliquei para ele a situação. Ele disse que não ia me emprestar [a quantia] e eu falei que ia levar alguns bens da casa dele. Ele disse que não ia deixar, começou a me xingar e tentar bater mais ainda, então eu acabei apertando um pouquinho mais, onde [sic] ele veio a apagar e não retornou”, dissertou.
Após ser revelado pela polícia como serial killer, José Tiago afirmou que não procurou mais vítimas e que só saía da casa onde estava no período da noite, usando máscara e boné. Ele negou que tenha relação com a morte de um médico, em 2016, e de seu ex-patrão da época em que trabalhava como chaveiro.