Médicos e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Hospital Universitário de Florianópolis farão testes para avaliar a eficiência da vacina contra a poliomielite para prevenção e redução de sintomas da Covid-19. O Governo do Estado divulgou, na segunda-feira (15), que os testes iniciam em junho e envolvem 300 profissionais da saúde, que atuam na Grande Florianópolis.
Até agora, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) é a única financiadora do projeto e destinou quase R$ 100 mil através de edital de fomento. Conforme o coordenador do estudo, médico e professor Edison Fedrizzi, a proposta é encontrar uma solução emergencial para a doença, já que uma vacina específica para a Covid-19 pode demorar mais de um ano para ficar pronta.
Edison explica, ainda, que a ideia inicial da equipe foi mapear vacinas já existentes que pudessem surtir efeito no combate ao coronavírus. “Nessa avaliação, o que nós observamos é que há vacinas no mercado que podem nos dar proteção por certo tempo, criando uma barreira protetora nas vias respiratórias”, explica. Entre as vacinas encontradas, estão a BCG, a do sarampo e a da poliomielite – que têm em comum o uso de micro-organismos vivos, de forma atenuada, para que o corpo possa reagir e criar imunidade.
Estudos com a BCG já foram registrados nos Estados Unidos e a Organização Mundial da Saúde (OMS) realiza testes com a do sarampo. Mas Fedrizzi reforça que ainda não há nenhuma pesquisa similar em andamento, que utilize a vacina contra a poliomielite.
Como funciona
Neste primeiro momento, os profissionais da saúde foram escolhidos como público-alvo devido a exposição ao contágio. Os 300 voluntários serão divididos em dois grupos – metade receberá a vacina e a outra, um placebo. Após, eles serão testados periodicamente para identificar quem contraiu o vírus e quais foram os sintomas. Para isso, serão realizados dois tipos de testes: o rápido, para confirmar a contaminação, e o sorológico. para saber se houve produção de anticorpos.
Conforme divulgou o Governo do Estado, os trabalhos irão percorrer ao longo do ano de 2020, mas a expectativa é que os primeiros resultados sejam divulgados em três ou quatro meses. A previsão é que um resultado final seja divulgado em seis meses.
Segundo Fedrizzi, o objetivo agora é confirmar se a vacina será capaz de garantir imunidade inata, prevenindo a contaminação contra a Covid-19 pelo período de quatro a 10 semanas após a imunização. Em seguida, teria o efeito de estimular a produção de anticorpos, capazes de reduzir os sintomas da doença. “Por enquanto, são hipóteses muito bem embasadas. Agora, vem a verificação”, esclarece.
Com informações Clic RDC