O Procon de Santa Catarina notificou nesta terça-feira (1º) empresas que vendem emagrecedores supostamente naturais e determinou a retirada de anúncios para comercializar os produtos. Os alvos da medida cautelar são fabricantes, vendedores e fornecedores, mas também atinge plataformas, sites e redes sociais onde esses medicamentos são vendidos sem qualquer controle.
O Procon enviou notificação para o Google, OLX, Mercado Livre, Instagram, Twitter, Facebook e YouTube. Depois de notificadas, as empresas responsáveis pelos sites e mídias sociais na internet têm 48 horas para bloquear qualquer propaganda ou comércio desses emagrecedores. Se descumprirem a ordem, podem responder por desobediência e ter que pagar multa de R$ 1 milhão.
A medida cautelar se baseou na rede de comércio ilegal e perigosa constatada pela série de três reportagens “Pílulas Mortais” da NSC TV, na semana passada.
As reportagens mostraram a facilidade para se encontrar e comprar emagrecedores pela internet. Quatro produtos de marcas diferentes foram adquiridos pela reportagem e analisados pelo Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina (IGP): Royal Slim, Natural Dieta, Yellow Black e Original Ervas.
Os exames provaram que os emagrecedores não eram feitos à base de ervas, como diziam as propagandas e vendedores. A perícia apontou a presença de substâncias químicas controladas, como a sibutramina, utilizada para tratamentos graves de obesidade, o diazepam, usado no tratamento de ansiedade, e o clobenzorex, uma anfetamina.
Dois laudos do IGP mostraram em quais produtos vendidos como naturais estavam cada uma dessas substâncias.
No Royal Slim, clobenzorex, fluoxetina, usada no tratamento de depressão e de transtorno obsessivo compulsivo.
O clobenzorex, que também foi encontrado no Natural Dieta, é uma anfetamina, tem efeito estimulante e tira o apetite. Não há medicamento registrado no Brasil com essa substância psicotrópica, que pode causar dependência.
No Yellow Black, os peritos encontraram mais substâncias químicas: diazepam, bupropiona e sibutramina, que também foi identificada no Original Ervas. A bupropiona é usada para tratar depressão. O diazepam, que também pode causar dependência, é um medicamento usado para combater transtorno de ansiedade. Já a sibutramina é psicotrópica e anorexígena, corta o apetite. É receitada apenas em casos graves de obesidade.
Em vários estados do país já foram registradas mortes e complicações de saúde em pessoas que decidiram fazer a auto medicação, o que tem deixado médicos e a polícia em alerta.
Uma mulher de 27 anos de Lages, na Serra catarinense é uma das vítimas. Ela foi encontrada morta em abril deste ano e, segundo o IGP, a causa da morte foi a intoxicação provocada por substâncias químicas encontradas no emagrecedor supostamente natural que vinha tomando. A polícia tenta identificar essa rede de comércio em Santa Catarina.
Medida cautelar
Com a medida cautelar, o Procon pretende barrar esse comércio e evitar novos casos trágicos. O órgão também informou as autoridades de saúde, fiscalização, e segurança, como a Anvisa, o Ministério Público e a Polícia Federal para que esse comércio ilegal seja investigado no país.
A superintendente de Vigilância em Saúde de Santa Catarina, Raquel Bittencourt, também recebeu cópia da medida cautelar. Ela espera que a ação ajude a barrar o problema.
“Quando uma farmácia tem um site para comercializar, ela segue regras sanitárias que o país tem. Ela tem endereço físico, responsável técnico, só anuncia produtos legalizados. E o site clandestino pode anunciar qualquer coisa. Quando a gente identifica e derruba o site, ele reaparece em outro lugar”, explica.
“É uma medicina paralela e ao mesmo tempo assustadora. São pessoas sem conhecimento médico. E isso vale principalmente para as doenças que tem grande apelo: obesidade, diabetes, depressão. São quadrilhas que não estão interessadas na saúde e nem no tratamento da obesidade. Estão interessadas em ganhar dinheiro”, complementou ainda o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Rodrigo de Oliveira.
Empresas notificadas
A OLX informou que não foi notificada pelo Procon de Santa Catarina até o momento e que quando forem especificados os links dos anúncios infratores providenciará a exclusão.
Até o momento, o Google, You Tube, Facebook, Instagram, Whatsapp e Twitter não se manifestaram. A NSC TV não conseguiu contato com o Mercado Livre.
Com informações NSC Total