A produção agrícola catarinense deve ser 6,9% menor em 2018 na comparação com o ano passado. O principal fator de explicação é a queda na área plantada do milho, que caiu em função dos baixos preços na safra passada. Para esse ano, a colheita do grão no Estado será 10,8% menor. A soja também terá queda, mas de apenas 1,8%. Já o arroz verá uma redução de 4,9%, enquanto a cana-de-açúcar ficará estável. Os dados fazem parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, realizado mensalmente pelo IBGE e divulgado nesta terça-feira.
Nacionalmente, a queda na produção agrícola será um pouco menor, de 4,7%. Para o secretário estadual da Agricultura e Pecuária, Airton Spies, trata-se de um resultado pontual. Ele explica que o preço do milho já voltou a subir, atingindo a casa dos R$ 40 para a saca de 60 quilos.
— Se o agricultor tivesse que tomar a decisão hoje, ele voltaria a plantar o milho. Está atrativo de novo — conta Spies.
O secretário conta ainda que o clima também influenciou na redução da colheita de milho, responsável por quase a metade da produção de grãos tanto em Santa Catarina quanto no Brasil. Houve uma forte estiagem entre os meses de setembro e outubro, o que fez com que a produtividade ficasse prejudicada.
Déficit
Hoje, Santa Catarina consome quase 7 milhões de toneladas de milho por ano, ao passo em que produz aproximadamente 3 milhões. Isso faz com que seja necessário trazer o produto — base para produtores de frangos e suínos —de outros estados, como o Mato Grosso, e também de outros países, como a Argentina e o Paraguai. Nacionalmente, o Brasil é um grande exportador, já que produz aproximadamente 90 milhões de toneladas e consome apenas 60 milhões.
Outro ponto que afeta o déficit catarinense é a produção de milho para silagem. Nesse caso, o grão fica estocado dentro da propriedade rural para uso interno e não entra na estatística oficial do IBGE. Segundo Spies, quase 250 mil hectares de milho já são plantados nessa modalidade, de uma área total de 600 mil hectares em Santa Catarina.
Problema estrutural
Spies acredita que o Brasil precisa de mecanismos de mercado futuro que funcionem, assim como ocorre nos Estados Unidos. Por lá, 83% da produção de grãos são pré-vendidas, com valores fixados previamente. Dessa forma, tanto produtores quanto compradores podem se programar, melhorando o fluxo de toda a cadeia.
— Hoje é uma gangorra. Um ano é do produtor, outro é do consumidor. O único elo solto na cadeia da agroindústria é o milho. Quando o preço cai muito, o agricultor se desestimula — diz o secretário de agricultura de SC.
Com informações Diário Catarinense