A Polícia Civil recebeu informações na tarde desta sexta-feira, 2, de que menores estariam sendo explorados pelo próprio pai em uma carvoaria, no interior de Mafra. Após apuração das informações, os policiais civis, acompanhados pelo delegado Cassiano Tiburski, se deslocaram até a localidade de Avencal de Cima e confirmaram a denúncia.
De acordo com o delegado, no local foi encontrado um menino de 11 anos, sujo de resíduos de carvão, usando uma sandália aberta, aparentando exaustão física pelo trabalho e calor. “A criança apresentava, ainda, as mãos calejadas e com queimaduras provenientes do trabalho na carvoaria. Indagamos à criança sobre os fatos, sendo que respondeu que trabalhava no local”, explica.
Segundo o delegado, a criança ainda informou que não usava nenhum equipamento individual de proteção para trabalhar, que seu pai a obrigava a trabalhar no local, sob ameaças e agressões. “O menino revelou que se ele não fosse trabalhar, o pai brigava, batia nele e nos outros dois irmãos de 14 e 15 anos, que também exerciam a função exaustiva no local”, afirma.
O delegado disse, ainda, que a vitima revelou que normalmente começava a trabalhar às 7h até as 20h. “Só paravam para comer. O menino tinha marcas de queimaduras nas pernas e nas mãos”, diz. Durante a conversa com a criança, chegou o pai, de 42 anos, que se surpreendeu com a presença dos policiais. “Neste momento, a vítima, imediatamente, calou-se por medo de sofrer agressões”, afirma.
No local, os policiais constataram a presença de fornos para a produção de carvão e um depósito para estocagem, próximas da casa da família. “Além da criança encontrada no local, dois irmãos desta também eram submetidos ao trabalho análogo ao de escravo. Todas as vítimas receberam atendimento do psicólogo policial da delegacia de Mafra, o qual extraiu informações que confirmaram que os três menores eram explorados ilegalmente”, revela.
Diante dos fatos, o pai das vítimas foi conduzido à delegacia, onde foi autuado em flagrante pelo crime de “redução à condição análoga à de escravo”, que prevê pena de dois a oito anos de prisão. “Na delegacia, o indiciado negou os fatos, alegando que não obrigava os filhos a trabalhar, nem batia ou ameaçava, e que o trabalho com carvão não era tão pesado assim”, concluiu o delegado. O preso foi encaminhado ao Presídio Regional de Mafra, onde permanece a disposição do Poder Judiciário.
Com informações – VVale