O padre de São Joaquim, na Serra catarinense, suspeito de crime sexual envolvendo um adolescente de 13 anos foi ouvido pela Polícia Civil na tarde desta terça-feira (31). De acordo com o delegado Diego Azevedo, “ele alegou em depoimento que achava que estava falando com outra pessoa. Disse que não sabia que era menor de idade”. O padre, de 41 anos, é suspeito de adquirir fotos de cunho sexual do adolescente.
O advogado do padre, Marcelo Menegotto, confirmou que o cliente foi ouvido pela polícia na tarde desta terça, mas não comentou o conteúdo do depoimento. “Ele foi afastado da paróquia, está esperando o procedimento [de denúncia] começar”, afirmou.
Além disso, o advogado enfatizou que não houve contato físico entre o pároco Joacir Xavier e o adolescente: “Não há foto do padre com qualquer pessoa. Se teve em tese uma conversa, não teve contato físico nenhum, não tem ato sexual nenhum”.
De acordo com o delegado, o padre confirmou que “a mensagem foi ele quem mandou realmente e que as fotos foram tiradas do quarto dele”. O adolescente já foi ouvido pela Polícia Civil e disse que o pároco, por meio de uma rede social, pediu que ele enviasse fotos do próprio órgão genital. O menor de idade contou que o suspeito também lhe enviou imagens com o mesmo teor.
O delegado afirmou ainda que aguarda laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) e que o padre deverá ser indiciado por adquirir cena pornográfica envolvendo adolescente, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca).
Investigação
“O adolescente tirou um print dessa conversa [em que o padre teria pedido as fotos] e publicou num grupo de WhatsApp. Várias pessoas já estavam sabendo por causa disso. Nesse diálogo, o padre perguntou pro adolescente se ele tinha gostado da foto”, disse Diego Azevedo.
O delegado afirmou que, pela foto, é possível identificar móveis que seriam do quarto que o padre ocupa na casa paroquial. Por ora, não há indícios de que outros adolescentes tenham sido vítimas.
Outras nove pessoas já foram ouvidas pela polícia. Na quinta (27), o padre, que estava numa excursão na Itália com outras pessoas da paróquia, chegou ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis. No local ele foi abordado por equipes das polícias Civil e Federal.
Aos policiais o pároco negou ter cometido o crime pelo qual é investigado e disse que perdeu o celular durante a viagem. Entretanto, de acordo com o delegado, até quarta (25) o religioso postou fotos da excursão pelo país europeu.
“É no mínimo estranho ele falar que perdeu. A gente acredita que ele possa ter sido avisado por pessoas da paróquia a respeito da investigação e, por isso, tenha jogado o celular fora”, disse Azevedo. Como não houve flagrante, o religioso foi liberado.
Afastamento das funções
A Diocese de Lages, na Serra catarinense, informou em comunicado na segunda (30) que afastou o padre das funções. Também afirma que fará uma apuração interna. “Já está em andamento uma investigação prévia, de acordo com o Código de Direito Canônico (cân. 1717), a fim de averiguar se há ou não o referido delito”, escreveu o administrador apostólico de Lages, Dom Nelson Westrupp.
Segundo o comunicado, o padre ficará afastado enquanto durar a investigação. “Lembramos a todas as pessoas de boa vontade que a Igreja, de nenhum modo, é conivente com tal crime, tem profunda compreensão e solidariedade com as vítimas e seus familiares, bem como trata esses e outros casos semelhantes de forma rigorosa e transparente”, escreveu o administrador.