O ex-deputado Nilson Nelson Machado, o Duduco, foi condenado em primeira instância, na terça-feira (19), a 31 anos, 4 meses e 20 dias de prisão por maus-tratos e por abusar sexualmente de crianças e adolescentes, em Florianópolis. Ele pode recorrer em liberdade.
A defesa dele se disse surpresa com a decisão e informou que ainda não foi intimada. “Vamos recorrer certamente, até porque temos convicção de sua inocência”, informou o advogado Hélio Brasil.
Em maio de 2013, crianças relataram terem sido abusados por ele. Duduco chegou a ficar foragido na época, mas quatro meses depois foi preso no Rio de Janeiro. O político ficou por mais de 20 dias na penitenciária do Bairro Agronômica, em Florianópolis e foi solto.
A decisão foi tomada pelo juiz Marcelo Carlin, da 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital.
Sete pessoas denunciaram o ex-deputado no processo, três delas vítimas de estupro e quatro de maus-tratos. Segundo uma das testemunhas, apesar de o caso vir à tona em 2013 com o oferecimento da denúncia contra ele, em 2009 o caso já havia sido registrado junto à Polícia Civil.
Caso veio à tona em 2013
Duduco já foi vereador da capital por duas vezes e era conhecido pelo trabalho social realizado com crianças e jovens, que fizeram a denúncia. Em 2013, uma das vítimas, que não quis ser identificada, afirmou que ele é um “psicopata”. “Ele criava situações, ele achava que tinha posse das pessoas”.
O ex-deputado virou figura de destaque por desenvolver projetos sociais e cuidar de crianças carentes em um lar-abrigo, a Creche do Duduco, trabalho que dura mais de 30 anos.
As vítimas, porém, alegaram que ele esconde “uma outra face”. Um homem que viveu no abrigo dos 8 aos 22 anos contou que, aos 13, os abusos começaram. “Ele tocava nas partes íntimas. Isso no quarto dele”. Segundo a vítima, essa situação ocorreu diversas vezes.
De acordo com a vítima, com o passar do tempo, os abusos ficaram cada vez mais frequentes. “Ele me tratava dessa forma, como se eu fosse o companheiro dele. Muitas vezes, fugia da casa e ele, para ir atrás, ele inventava, dizia que a gente tinha roubado alguma coisa dele”, afirmou a vítima. O objetivo, segundo a denúncia, era que a polícia fosse atrás dos menores.
Sem saber que estava sendo gravado, Duduco admitiu, em um vídeo, ter se relacionado com os menores do abrigo. “Toda vida eu trabalhei contra esse tipo de relacionamento, agora que eu fui mais fraco, eu fui. Eu da minha fraqueza, eu me entreguei e é verdade”, afirmou o político na gravação. O vídeo tem 30 minutos de duração e, nele, Duduco cita nomes: “Na minha fraqueza, eu me envolvi com o (…) e aí quando eu me separei do (…), o (…) começou a atravessar o meu caminho”.
Duduco negou as denúncias e refutou qualquer possibilidade de relacionamento com os adolescentes.