Dia 20 de julho de 2019 marca o aniversário de 50 anos da ida do homem à Lua. Também representa, segundo algumas correntes espíritas, a data limite imposta por uma profecia de Chico Xavier.
Para alguns, a data representa o fim de uma era e a chegada de um novo momento para o planeta. Para outros, mais pessimistas, indicaria uma possível ruptura e consequente fim do mundo. Mas do que se trata realmente essa fronteira? O líder espírita realmente disse isso?
Tudo começou com a publicação de um artigo da médica e espírita Marlene Nobre, em maio de 2011, no jornal A Folha Espírita. Na peça, ela entrevista Geraldo Lemos, o então jovem que afirma ter ouvido a previsão em um encontro com Xavier, em 1986.
Na entrevista, Lemos revela a suposta profecia. “Nosso Senhor deliberou conceder uma moratória de 50 anos à sociedade terrena, a iniciar-se em 20 de julho de 1969 (data em que o homem pisou na Lua), e, portanto, a findar-se em julho de 2019. Ordenou Jesus, então, que seus emissários celestes se empenhassem mais diretamente na manutenção da paz entre os povos e as nações terrestres, com a finalidade de colaborar para que nós ingressássemos mais rapidamente na comunidade planetária do Sistema Solar, como um mundo mais regenerado, ao final desse período. Algumas potências angélicas de outros orbes de nosso Sistema Solar recearam a dilação do prazo extra, e foi então que Jesus, em sua sabedoria, resolveu estabelecer uma condição para os homens e as nações da vanguarda terrestre.
Segundo a imposição do Cristo, as nações mais desenvolvidas e responsáveis da Terra deveriam aprender a se suportarem umas às outras, respeitando as diferenças entre si, abstendo-se de se lançarem a uma guerra de extermínio nuclear. A face da Terra deveria evitar a todo custo a chamada III Guerra Mundial. Segundo a deliberação do Cristo, se e somente se as nações terrenas, durante este período de 50 anos, aprendessem a arte do bom convívio e da fraternidade, evitando uma guerra de destruição nuclear, o mundo terrestre estaria enfim admitido na comunidade planetária do Sistema Solar como um mundo em regeneração. Nenhum de nós pode prever, Geraldinho, os avanços que se darão a partir dessa data de julho de 2019, se apenas soubermos defender a paz entre nossas nações mais desenvolvidas e cultas!”
Curioso sobre quais seriam as tais consequências, o jovem teria questionado o médium sobre o que aconteceria de fato com o mundo. “Ah! Geraldinho, caso a humanidade encarnada decida seguir o infeliz caminho da Terceira Guerra Mundial, uma guerra nuclear de consequências imprevisíveis e desastrosas, aí então a própria mãe Terra, sob os auspícios da Vida Maior, reagirá com violência imprevista pelos nossos homens de ciência. O homem começaria a Terceira Guerra, mas quem iria terminá-la seriam as forças telúricas da natureza, da própria Terra cansada dos desmandos humanos, e seríamos defrontados então com terremotos gigantescos; maremotos e ondas (tsunamis) consequentes; veríamos a explosão de vulcões há muito extintos; enfrentaríamos degelos arrasadores que avassalariam os polos do globo com trágicos resultados para as zonas costeiras, devido à elevação dos mares; e, neste caso, as cinzas vulcânicas associadas às irradiações nucleares nefastas acabariam por tornar totalmente inabitável todo o Hemisfério Norte de nosso globo terrestre”, teria dito Xavier.
O que se tira do artigo? Uma coisa é certa, a publicação gerou enorme polêmica entre seguidores do mineiro e a comunidade espírita. “Havia uma preocupação muito grande naquela altura com uma possível Terceira Guerra Mundial, e também com uma possível ameaça nuclear. Mas isso tem que ser visto como um momento cultural da época. O Chico nunca nunca falou de data limite, usaram uma conversa dele, não documentada, para criar essa teoria. O espiritismo não acredita em Deus vingativo”, afirma o administrador de empresas e escritor espírita Alexandre Caldini, que não tem certeza da veracidade do diálogo e condena o uso comercial do mesmo.
O termo data limite começou a ser utilizado de fato quando o documentário Data Limite Segundo Chico Xavier foi lançado em 2014 – tem 7 milhões de visualizações no YouTube. Na premissa da obra, baseada no relato de Lemos, “quando o homem pisou na Lua, em 20 de julho de 1969, aconteceu uma reunião com as potências celestes do sistema solar para verificar o avanço da sociedade humana no planeta Terra. Nela, a humanidade ganhou um prazo de 50 anos para evoluir moralmente e viver em paz, sem provocar a Terceira Guerra Mundial.“
Juliano Pozati, que co-produziu o documentário, conta que, por ser interessado um ufologia, a profecia lhe chamou atenção. Pesquisou muito sobre o tema e encontrou uma entrevista do médium ao programa Pinga Fogo em 1971, uma espécie de Roda Viva da finada TV Tupi. Xavier foi sabatinado por vários repórteres e, segundo, Pozati, já demonstrava ali preocupações com uma possível guerra nuclear.
Apesar disso, o empresário, que lançou um livro homônimo ao documentário em 2016, também não acredita na visão catastrófica da profecia. “A gente deu o nome de data limite porque indica o fim de um tempo e o início de outro. Não tem nada a ver com fim do mundo. O Chico disse que vencendo esse período moratório (os tais 50 anos) sem entrar numa guerra nuclear, a gente entraria num processo de aceleração dos avanços”, afirma Pozati.
Ambos concordam neste aspecto. Para eles, existe um entendimento que o mundo está começando a melhorar. “Se você observar as novas gerações, elas são muito mais abertas a questões sociais sensíveis, como as de gênero”, afirma Caldini. Pozati exemplifica, por outro lado, crianças que adotam o vegetarianismo por livre escolha.
Caldini indica ainda o que acredita, com base no espiritismo, ser o verdadeiro sentido da profecia. “Está chegando o momento da mudança, e se a gente não acelerar o passo, sofreremos por mais tempo devido aos nossos próprios atos. Os desastres naturais espelham isso”, finaliza.