A presidente da FEHOSC (Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de Santa Catarina), irmã Neusa Lucio Luiz, revelou na manhã desta sexta-feira (12) que dezenas de hospitais do Estado não recebem desde janeiro o repasse pelos leitos de UTI Covid-19 pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Para piorar a situação, os medicamentos e os EPIs estão cada vez mais caros e escassos nos fornecedores. No Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê, onde a irmã Neusa é diretora, a unidade só consegue manter o estoque por uma semana.
Santa Catarina tem o registro de 8.377 mortes e de 387 pessoas na fila por um leito de UTI, segundo o boletim de quinta-feira (11) do governo do Estado.
“Acabamos com convênios particulares para reunir a mão de obra nos leitos de UTI Covid-19, mas desde janeiro não recebemos o repasse do Estado. Além disso, sofremos com o aumento nos preços dos medicamentos e dos EPIs, que ultrapassam os 400% de reajuste, e da falta de oferta pelas empresas fornecedoras. O hospital em melhor situação tem estoque para 15 dias”, desabafou.
Para evitar um colapso, um ofício foi encaminhado para a SES (Secretaria de Estado de Saúde) pela AHESC (Associação dos Hospitais de Santa Catarina) e pela FEHOSC (Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de Santa Catarina) na quinta-feira. A associação representa 130 hospitais e a federação tem 80 associados.
Receio é por falta de bloqueadores neuromusculares
No documento, as entidades revelam a iminente possibilidade de falta de medicamentos. O ofício destaca os elevados preços do kit intubação e a dificuldade na aquisição, em virtude do alto custo e da indisponibilidade.
O maior receio é pela falta dos bloqueadores neuromusculares. Em dezembro de 2020, o ND+ trouxe a denúncia de um jovem que morreu no Hospital Florianópolis pela falta de sedativo.
“O kit intubação é composto de 20 itens e cinco deles são intercambiáveis. Para dar um exemplo, o Midazolam era comprado em janeiro a R$ 3,90. Depois passamos a adquirir pelo valor de R$ 16, mas o fornecedor não consegue mais entregar. Agora, conseguimos a cotação por R$ 38 de uma única ampola”, lamentou a irmã Neusa.
O presidente da AHESC, Altamiro Bittencourt, reforçou que todos estão “muitíssimos preocupados” com a situação.
“Os diretores de hospitais estão com o coração a flor da pele, todos estão cansados e com falta de funcionários. Com a redução no estoque de medicamentos, a situação ficou ainda mais complicada. Por isso, teremos uma reunião com o secretário André Motta Ribeiro”, informou.
Medicamentos para sete dias
Por meio de nota, o Governo do Estado informou que a SES busca diariamente manter em dia todos os pagamentos de convênios pactuados. Há alguns casos em que a falta de envio de documentações obrigatórias pelos hospitais acarreta em atraso dos repasses.
Com relação à aquisição de medicamentos, a SES esclarece que vem desde 2020 monitorando rigorosamente os estoques nas unidades hospitalares, com especial atenção aos itens que formam o kit intubação.
Porém, devido à alta demanda nacional, muitos itens ficam escassos no mercado ou completamente desabastecidos. Consequentemente, fornecedores não conseguem cumprir os prazos de entrega e compras são fracassadas por ausência de cotadores.
Assim, houve um pedido da SES ao Ministério da Saúde, reforçado recentemente, com envio de novo ofício. Na quinta-feira, segundo a nota, houve resposta positiva com a sinalização de envio de volume de medicamentos mensurado para sete dias de abastecimento.
Confira a nota completa
A autorização e o custeio de novos leitos de UTI Covid abertos em 2021 estão sob responsabilidade do Ministério da Saúde. No entanto, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), se comprometeu com o pagamento em caso de não autorização desses leitos pelo Governo Federal.
A SES busca diariamente manter em dia todos os pagamentos de convênios pactuados. Há alguns casos em que a falta de envio de documentações obrigatórias pelos hospitais acarreta em atraso dos repasses.
Com relação à aquisição de medicamentos, a Secretaria de Estado da Saúde esclarece que vem desde 2020 monitorando rigorosamente os estoques nas unidades hospitalares, com especial atenção aos itens que formam o “Kit Intubação”. Diariamente são acompanhados os quantitativos de consumo, estoques nas unidades hospitalares e Centro de Distribuição, assim como saldos de Atas de Registro de Preço.
A SES possui uma estrutura organizada e eficiente de compra e distribuição de medicamentos e materiais hospitalares e conta com o apoio importantíssimo da equipe da Secretaria de Estado da Administração nesse momento. Porém, devido à alta demanda nacional, muitos itens ficam escassos no mercado ou completamente desabastecidos. Consequentemente, fornecedores não conseguem cumprir os prazos de entrega e compras são fracassadas por ausência de cotadores.
Atualmente vivenciamos risco de desabastecimento de itens importantes do kit de intubação, como os medicamentos Atracúrio e Propofol. Em termos de comparação, apenas nos primeiros nove dias de março foram consumidos o equivalente a quase duas vezes a média mensal de 2020 de um destes medicamentos – aumento de quase 90%.
Neste sentido, houve um pedido da SES ao Ministério da Saúde, reforçado recentemente, com envio de novo Ofício. Na quinta-feira, 11, houve resposta positiva com a sinalização de envio de volume de medicamentos mensurado para sete dias de abastecimento.
Alternativas são estudadas e buscadas a fim de atender a necessidade dos pacientes internados nas unidades hospitalares da SES, além de empréstimos aos demais hospitais, sempre que possível.
Cabe destacar que além de repasses financeiros, a SES vem realizando doações e empréstimo de equipamentos e medicamentos, incluindo aqueles que compõem o kit intubação, para garantir assistência aos hospitais filantrópicos. Ao todo, a pasta doou mais de 129 mil medicamentos, de janeiro ao início de março, o que totaliza cerca de R$ 2,1 milhões.
Com informações ND Mais